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11/05/2013 - 23h55

Uso de dados no trabalho tem lado perverso, diz especialista

FELIPE GUTIERREZ
DE SÃO PAULO

O subtítulo do livro "Big Data", que o editor de dados da revista "Economist", Kenneth Cukier, escreveu com Viktor Mayer-Schonberger, é "Uma Revolução que Transformará Vidas, Trabalho e Pensamento". O autor trata a ferramenta como algo que irá mudar radicalmente o mercado de trabalho no futuro.

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Folha - "Big data" será algo importante no mundo do trabalho nos próximos anos?
Kenneth Cukier - Sim, será algo grande. No passado, nós não éramos capazes de monitorar os funcionários e aprender sobre quais as melhores práticas porque o custo de coletar, armazenar e processar dados era alto. E não tínhamos a noção de quais informações poderiam nos levar a conclusões sobre como os profissionais trabalham. Essas restrições simplesmente sumiram. Isso abre a possibilidade de examinar o que faz um bom empregado, como gerenciá-lo bem e quem contratar.

Divulgação
Kenneth Cukier é um dos autores do livro 'Big Data
Kenneth Cukier é um dos autores do livro 'Big Data'

Como isso irá acontecer?
Vou dar um exemplo: as fichas de inscrição que as pessoas preenchem na web podem predizer quem tem mais chance de ficar mais tempo e se sair melhor no emprego. Descobriram que quem usa um navegador que não é o padrão do computador, como o Firefox ou o Google Chrome, trabalha melhor.

Mas isso não explica por que alguém trabalha melhor.
Não sabemos o porquê disso: é uma correlação. Mas é um pequeno sinal que pode dizer algo útil para quem quer contratar. Não quero sugerir, no entanto, que só devemos ficar atentos às correlações.

Os dados não podem levar os chefes a decisões erradas?
Certamente. Hoje, as empresas não têm dados suficientes a respeito de seus trabalhadores. Mas, com eles disponíveis, pode ser que os empregadores não saibam usá-los. O "big data" não irá acabar com os gerentes ruins. Não são todos os chefes que têm bom senso.

Você vê alguma desvantagem em usar "big data" no mercado de trabalho?
Há altos riscos e muitos lados perversos. Os empregados não querem ser vigiados. Para alguns profissionais há benefícios, porque eles querem saber como subir na carreira. Mas, para muita gente, principalmente os que trabalham por hora, o controle em tempo real vai parecer o filme "Tempos Modernos", com o supervisor sem tirar o olho do trabalhador, e menos liberdade do que nunca.

 

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