Presidentes de empresas devem estar em forma, diz especialista

Líderes de empresas devem ficar atentos à forma física: jovens profissionais exigem isso deles, afirma Robert Damon, presidente para as Américas da Korn/Ferry International, uma companhia que atua na seleção de executivos. Ele também aponta que profissionais mais velhos estão assumindo o cargo de presidente-executivo.

Damon conversou com a Folha no fim do mês passado, durante visita a São Paulo. Leia abaixo trechos da entrevista.

Após fim da 'febre do emprego', profissional deve investir em formação
Recrutadores indicam setores que devem fazer demissões

	Zé Carlos Barretta/Folhapress
	Robert Damon, CEO da Korn/Ferry para as Américas

*

Folha - Há mudanças importantes no que as empresas procuram em um presidente?
Robert Damon - Nos Estados Unidos, há uma tendência de tentar ser mais saudável. As pessoas em geral estão mais atentas a saúde, dieta, nutrição e atividade física, da importância disso.

Mas no que isso afeta o trabalho de um executivo?
É importante que os CEOs [presidentes-executivos] se relacionem com os funcionários, especialmente com aqueles na faixa dos 20 anos de idade. Se um CEO está acima do peso, bebe muito e fuma, passa uma mensagem para os mais jovens --e eles procuram um outro equilíbrio entre vida pessoal e trabalho, querem ter uma vida, ser ativos, sentir que podem fazer diferença na empresa. Outra tendência são os profissionais mais velhos assumindo esse cargo.

Por quê?
Uma recuperação econômica pouco clara, a velocidade e a complexidade com que os negócios mudam e a tendência saudável fazem com que líderes mais velhos assumam o cargo. As empresas precisam de alguém que tome decisões rápido e tenha visão. O que estamos vendo é que os 60 anos são os novos 50 anos. A.G. Lafley, que está na casa dos 60, por exemplo, voltou para a Procter & Gamble.

O atual estágio da economia, a inflação e os protestos tiram a atratividade do Brasil para executivos internacionais?
Nós entendemos que os protestos são apenas uma lombada no caminho: não afetam o cenário como um todo, a confiança de que o Brasil é um mercado estratégico.
O que vemos é a tendência de empresas americanas, mesmo as pequenas e médias, realocarem executivos em regiões estratégicas para que eles tenham experiências práticas, de mão na massa, e ganhem vivência para liderar a companhia no futuro.

Ao abrir uma operação no Brasil, a tendência é elas trazerem seus próprios executivos ou contratar líderes aqui?
Em termos gerais, as companhias procuram empregar pessoas com experiências no mercado local. Então, quando contratam alguém no Brasil, levam o executivo para os Estados Unidos por três, seis meses, para que ele crie uma relação com as pessoas na sede na empresa. Ou elas escolhem um profissional americano e o mandam a uma missão temporária no país, para estudar o mercado. Mas a tendência mais forte é contratar líderes locais.