Música e dança para estimular vendedores podem ter efeito inverso
FILIPE OLIVEIRA
BÁRBARA LIBÓRIO
DE SÃO PAULO
Atos como cantar em coro, dançar ou usar gritos de guerra em atividades motivacionais no trabalho podem melhorar o desempenho de alguns, mas nem sempre a prática é bem aceita por todos.
A suposta obrigatoriedade para que funcionários participem dessas atividades foi um dos motivos que levaram o Ministério Público do Trabalho a entrar com uma ação por danos morais coletivos contra a rede de supermercados Walmart.
Gabo Morales/Folhapress | ||
Empresa em que Daniela Marques trabalhou promovia abraço coletivo |
A empresa foi condenada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 10ª região a pagar uma indenização de R$ 22,3 milhões. Em nota, a companhia diz que vai recorrer da decisão.
Segundo Elaine Saad, vice-presidente da ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos), atividades que envolvam exposição dos funcionários podem produzir diferentes resultados, de acordo com o temperamento do funcionário.
Daniela Marques, 22, é uma das que não se empolgam com os gritos de guerra. Ela conta que já trabalhou em duas empresas em que eles eram rotina. Em uma delas, na qual era vendedora, o grito vinha acompanhado de um abraço coletivo.
"Trabalhávamos por comissão, em um ambiente competitivo. Dava muita vergonha abraçar uma pessoa que no dia a dia brigava com você por um cliente."
Tímida, ela diz que algumas vezes tentou sair de fininho, mas era pior."Tentava me esconder no banheiro. Mas, se alguém me via, eu chamava mais a atenção."
Segundo Andrea Bucharles, advogada do escritório Mattos Filho, ter um momento específico em que se realiza atividades como cantar e dançar não é necessariamente um problema. Mas é preciso deixar claro que a atividade é voluntária.
Entre as empresas que mantém a prática está a Renner. Em suas lojas são realizadas reuniões diárias que terminam com um grito de guerra, conta a diretora de RH Clarice Costa. "Quando abrimos uma loja nova, os funcionários criam o grito e a música da loja."
Segundo ela, os funcionários são convidados, e não obrigados, a participar.
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