Plataforma só para profissionais transgêneros já tem 160 cadastrados
DE SÃO PAULO
No ar há menos de três semanas, o site www.transempregos.com.br conta com 160 candidatos que se cadastraram para concorrer a vagas em empresas que já sabem, de antemão, que na plataforma só há profissionais transgêneros.
O funcionamento é parecido com o da maioria dos sites de emprego: as pessoas se cadastram e, quando as empresas publicam vagas de empregos, os usuários apertam um botão para se candidatar.
Depois disso, as partes conversam entre elas para continuar o processo de recrutamento e seleção.
Ninguém paga nada para usar a plataforma.
Segundo Daniela Andrade, 30, a técnica em TI e uma das pessoas responsáveis pelo Transempregos, os fundadores não queriam cobrar dos usuários "por questões óbvias: é um público marginalizado". E também decidiram permitir às empresas postar vagas sem pagar por isso porque consideram que são negócios "comprometidos com justiça social".
Andrade, uma transexual, conta que as histórias profissionais dela e dos dois colegas (uma travesti e um transexual homem) inspiraram os três a abrirem a plataforma. "A população 'trans' é extremamente marginalizada e discriminada em qualquer aspecto, inclusive no emprego", afirma.
Ela cita dados da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil) que apontam que 90% das mulheres transexuais e travestis estão se prostituindo. "Será que 90% se prostituem porque querem?", ela questiona.
Eles mesmos montaram o site: ela é da área de tecnologia da informação e o colega é designer.
Além das dez empresas que já postaram vagas na plataforma, outras organizações se aproximaram para perguntar como devem agir. Andrade esclarece que, no cotidiano de uma empresa, a única diferença é que a pessoa deve ser tratada conforme o gênero que ela diz, e não o que está escrito em documentos, como o RG ou a carteira de trabalho.
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