Publicidade
11/05/2014 - 03h05

Mulheres mostram como se equilibram nos papéis de mãe e executiva

BÁRBARA LIBÓRIO
ISABEL KOPSCHITZ
DE SÃO PAULO

Maria Isabel Arieta, 52, executiva da multinacional farmacêutica AstraZeneca, teve seu filho aos 40 anos -ela diz que sua geração queria promover muitas mudanças, o que fez com que a maternidade fosse deixada para mais tarde. Hoje, diz, as mães são cobradas em dose dupla.

"Antes, éramos cobradas para sermos boas mães. Hoje, somos cobradas para sermos boas profissionais e boas mães", afirma.

Para Tatiana Charpinel, doutora em psicologia pela PUC-Rio, que estuda os desafios enfrentados pelas mães no mercado de trabalho, grande parte do sofrimento das altas executivas é o fato de hoje "querermos ter tudo", algo que não é possível. "É preciso saber escolher e arcar com o ônus disso", afirma.

Especialistas dizem, porém, que não é uma questão de abrir mão de trabalhar ou de ser mãe, mas, sim, ter consciência de que é muito difícil ter uma performance perfeita nas duas tarefas simultaneamente.

"Talvez você não seja 100% em nenhuma das coisas: às vezes é mais mãe e menos profissional e vice-versa. Você tem que estar bem com isso", afirma a gerente de comunicação do LinkedIn para a América Latina, Fernanda Brunsizian, 40.

Há seis anos, ao retornar da licença-maternidade, ela optou por deixar a empresa em que trabalhava por não aceitar uma mudança de país poucos meses após dar à luz.

Na concepção de Iris Newalu, diretora de educação executiva para mulheres da faculdade Smith, nos Estados Unidos, as "baby boomers" (nascidas entre 1945 e 1964), quando jovens, tiveram menos suporte do mundo corporativo para exercer os dois papeis -as empresas não ofereciam apoios como horários flexíveis, trabalho remoto ou creches e escolas infantis.

Em relação à década de 1990, o panorama melhorou nesse aspecto, diz ela, mas a tecnologia, com os smartphones e tablets permitindo que se trabalhe de qualquer lugar, faz com que as mulheres fiquem "mais atadas ao trabalho".

"É preciso traçar uma fronteira entre o trabalho e a vida pessoal, o que significa saber dizer não", afirma.

Especialistas dizem que a polêmica tese defendida por Sheryl Sandberg, 44, diretora de operações do Facebook, segundo a qual uma das principais decisões de carreira de uma mulher é com quem ela se casa, tem se mostrado realista ainda hoje.

"A palavra-chave é planejamento, que deve ser feito em conjunto com o companheiro, para que a agenda de compromissos com os filhos seja partilhada", afirma a consultora Ylana Miller, professora do Ibmec.

'MULHER QUE TRABALHA ESTÁ SEMPRE DEVENDO'

Eliana Chimenti, 51, é mãe de duas mulheres e sócia do escritório de advocacia Machado Meyer, um dos maiores do país.

Ela diz acreditar que, atualmente, as mães sabem lidar melhor com a sensação de culpa por deixar o filho para trabalhar.

Quando se casou e teve suas filhas, em meados dos anos 1980, Chimenti optou por ficar cerca de dez anos fora do mercado. "Eu sabia que aquele era um momento para cuidar delas."

Para voltar à área, fez um curso de reciclagem de dois anos. "Precisava me atualizar, até a Constituição era outra", explica.

Segundo ela, é natural que a mulher que é mãe e profissional fique dividida. "A mulher que trabalha sempre se sente devendo para alguém, seja para carreira, seja para os filhos."

Karime Xavier/Folhapress
Advogada Eliana Chimenti (à esq.), mãe de Bruna
Advogada Eliana Chimenti (à esq.), é mãe de Bruna e ficou dez anos fora do mercado de trabalho

'NOTICIAR A GRAVIDEZ É QUASE PEDIR DESCULPAS'

Fiamma Zarife, 42, vice-presidente da agência Riot, trabalhava em uma empresa de telecomunicações quando ficou grávida da primeira filha. Na mesma época, foi promovida.

Ela contou sobre a gestação ao seu chefe e disse que entenderia caso ele quisesse rever sua decisão. Segundo ela, isso aconteceu com uma amiga também."A mulher conta que está grávida no trabalho quase como quem pede desculpas", diz.

Hoje com dois filhos, ela afirma que saiu do último emprego porque não conseguia conciliar a maternidade com as viagens internacionais que o antigo cargo exigia.

"Amo meu trabalho e nunca pensei em parar, mas quando vejo algo que está ameaçando meu papel como mãe, dou prioridade à minha família."

Raquel Cunha/Folhapress
Fiamma Zarife, 42, concilia a rotina de mãe e a vice presidência da agência Riot.
Fiamma Zarife, 42, concilia a rotina de mãe e a vice presidência da agência Riot.

'NÃO LIGO O COMPUTADOR NO FIM DE SEMANA'

A gerente de marketing da Dow, Vanessa Grossi, 32, e seu marido precisam comparar frequentemente suas agendas de viagem de trabalho para não estarem fora de casa ao mesmo tempo. O motivo é o filho do casal, de um ano e meio.

"Nossas famílias não são de São Paulo. Conto com a ajuda de uma profissional para me ajudar, porque essa estrutura é necessária para conciliar maternidade e trabalho", diz.

Ela ficou sete meses em casa quando o filho nasceu e hoje se esforça para deixar todos os assuntos do trabalho na empresa.

"Computador não existe no meu fim de semana. Quando estou em casa com meu filho, sou exclusivamente dele."

Segundo ela, apenas em casos mais urgentes ela usa o celular.

 

Publicidade

 
Busca

Encontre vagas




pesquisa

Publicidade

 

Publicidade

 

Publicidade
Publicidade

Publicidade


Pixel tag