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08/06/2014 - 03h05

Com demissões, indústria cobra qualificação

FILIPE OLIVEIRA
DE SÃO PAULO

O setor industrial teve uma redução de 2% no total de contratações entre os meses de março de 2013 e de 2014, segundo o IBGE. Mesmo assim, a falta de mão de obra especializada deve continuar gerando oportunidades para profissionais que investem em sua formação.

Entre as especializações mais demandadas pelo mercado, segundo especialistas ouvidos pela Folha, estão profissionais da área de logística, engenheiros (principalmente ambientais), diretores e gerentes de operação e técnicos em geral.

A demanda por profissionais de logística tem como pano de fundo a complexidade da infraestrutura brasileira, diz Wagner Brunini, diretor da ABRH-Nacional (Associação Brasileira de Recursos Humanos).

"São necessários profissionais que conheçam as estradas e portos brasileiros e saibam fazer as mercadorias chegarem de um ponto ao outro", resume.

Outra razão para esses funcionários estarem em alta é estratégica: eles fazem parte de um grupo que pode reduzir custos ou aumentar as receitas das companhias em um momento em que está mais difícil aumentar a produção, diz Daniela Lopes, diretora-geral da empresa de recrutamento Red.

Davi Ribeiro/Folhapress
duardo Botelho Junior, 17, e Juliana Guimarães, 21, estão no segundo ano do curso de instrumentação do Senai de Santos (SP)
Eduardo Botelho Junior, 17, e Juliana Guimarães, 21, estão no segundo ano do curso de instrumentação do Senai de Santos (SP)

Uma área que, de acordo com os recrutadores, passa por um período de desaquecimento no curto prazo é a indústria petrolífera, como resultado de um momento desfavorável da Petrobras -com denúncias de corrupção e queda nas ações provocadas pelo congelamento dos preços da gasolina para conter a inflação.

Com isso, contratações para novos projetos diminuíram, mas os salários seguem altos por essa ser uma área que exige muita especialização, afirma Lopes.

Editoria de Arte/Folhapress

A indústria automotiva também segue em baixa, principalmente nos cargos mais operacionais, diz Ian Carvalho, gerente da consultoria de recrutamento Hays.

Montadoras estão dando férias coletivas aos profissionais ou criando programas de demissão voluntária por estarem com estoque parado.

Dados da Adzuna, empresa inglesa que agrega informações sobre vagas publicadas na internet, mostram que houve uma redução de 5,60% no número de vagas para montadores de veículos e de 3,80% para montadores eletrônicos entre janeiro e maio deste ano no Brasil.

Na outra ponta, uma das áreas da engenharia que despontam e que devem continuar crescendo é a ambiental. Entre 2011 e 2012, o número de engenheiros ambientais com vínculo de trabalho formal cresceu 194% no país, de acordo a Fisenge (federação de sindicatos do setor).

Isso ocorre por dois principais motivos: por um lado, consumidores e empresas estão mais exigentes quanto à necessidade de se pensar na sustentabilidade nos processos produtivos. Por outro, novas regulamentações estão sendo impostas à indústria.

Davi Ribeiro/Folhapress
Maria Rita Demitró, estudou tecnologia e gestão ambiental e está agora no último ano de engenharia ambiental
Maria Rita Demitró, estudou tecnologia e gestão ambiental e está agora no último ano de engenharia ambiental

Um exemplo disso é a Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada em 2010 e que vem sendo implantada gradativamente desde então.

Entre as exigências está que empresas desenvolvam um sistema para receber resíduos resultantes do uso de seus produtos (como embalagens e pilhas).

É essa a missão atual de Maria Rita Demitró, 29, que atua como analista de sustentabilidade da Abrafat (Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas). Ela conta que desenvolve projetos para que o setor consiga destinar corretamente as embalagens usadas na distribuição dos produtos.

Formada em tecnologia e gestão ambiental, ela agora cursa o último ano de uma graduação de engenharia nessa área no Centro Universitário Senac. "A formação pode me permitir participar de diferentes projetos, como os de licenciamento ambiental, ou do gerenciamento de projetos na indústria."

TÉCNICOS

Mesmo com a economia lenta, o ensino técnico segue como uma boa opção para entrar no mercado, segundo Márcio Guerra, gerente da CNI (Confederação Nacional da Indústria).

Ele diz que os maiores salários para esses profissionais estão em áreas relacionadas a infraestrutura, energia e commodities. Nesses setores, a quantidade de vagas varia segundo as regiões do país. Outras formações, como as de técnico em mecânica, instrumentação, química, segurança no trabalho e eletrônica têm mais versatilidade.

Eduardo Botelho Junior, 17, e Juliana Guimarães, 21, estão no segundo ano do curso de instrumentação do Senai de Santos (SP). Os dois já estão em seu segundo curso para trabalhar na indústria -ele fez um de aprendizagem industrial e ela, um técnico em química.

Guimarães já fez estágio em laboratórios e está buscando trabalho nas áreas químicas e de instrumentação ao mesmo tempo.

"Eu poderia trabalhar em qualquer uma das duas carreiras. Meu foco é arranjar um emprego já."

 

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