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08/06/2014 - 03h05

Varejo busca fazer mais com menos

ANA MAGALHÃES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Se antes o foco das empresas de comércio varejista era a expansão, hoje a busca é por eficácia. No novo cenário, as companhias buscam profissionais mais bem qualificados e investem em cargos estratégicos que afetam diretamente o desempenho da marca, como gerentes de logística e de produtos.

"Até agosto do ano passado, empresários só falavam em expansão e em abrir novas lojas. Mas, depois disso, com o aumento dos juros e da inflação e com a redução do crédito, eles mudaram o foco. Querem fazer mais com menos", afirma Carlos Carmona, sócio da Orientha, empresa de recrutamento especializada em varejo.

Segundo o IBGE, o volume de vendas do varejo cresceu 4,3% no ano passado -pior resultado desde 2003, bem abaixo dos 8,4% de 2012 e inferior à média dos últimos dez anos (de 7,5%). Em março deste ano, as vendas caíram na comparação com igual mês do ano passado (1,1% no Brasil e 0,6% no Estado de São Paulo).

Apesar desses resultados, na Grande São Paulo a geração de empregos do setor segue em alta, porém a um ritmo menor. "Nos últimos doze meses, até março deste ano, houve aumento de 0,9% nos empregos. Mas, em março do ano passado, crescíamos a 2,2%", afirma Júlia Ximenes, assessora econômica da Fecomercio-SP.

Raquel Cunha/Folhapress
Guilherme Lima, 37, é gerente de logística da Puket
Guilherme Lima, 37, é gerente de logística da Puket

Dois setores estão demitindo, segundo a Fecomercio: lojas de vestuário e concessionárias de veículos. Para Ximenes, o problema das concessionárias deve-se especialmente ao término do incentivo fiscal do governo. O setor de vestuário e calçados é o primeiro a ficar abalado em momentos de inflação alta e de menos otimismo.

Nesse novo cenário, profissionais que outrora foram muito demandados, como o gerente de expansão, já não são tão buscados. A gerente de expansão da loja de móveis Oppa, Kitty Leão, 30, concorda que a febre passou. "Há uma demanda por tentar sermos muito eficientes, gastando o mínimo possível."

Ela coordenou a abertura de quatro novas lojas de móveis da Oppa e, nas próximas semanas, abrirá outras duas unidades.

Leão é formada em propaganda e marketing e cursou MBA na IE Business School de Madri. Ela passou por grandes empresas como Johnson & Johnson e Crocs e foi contratada pela Oppa há oito meses.

Ela diz que o segmento é para poucos. "É exaustivo trabalhar no varejo. Ou você ama ou odeia."

Zé Carlos Barretta/Folhapress
Kitty Leão é gerente de expansão da Oppa, cargo mais demandado há alguns anos
Kitty Leão é gerente de expansão da Oppa, cargo mais demandado há alguns anos

Marcos Gouvêa de Souza, diretor-geral da consultoria GS&MD, especialista em varejo, avalia que o comércio vem se profissionalizando muito. Por isso, é crescente a busca por profissionais com formação mais ampla e capacidade de adaptação.

No caminho inverso, o profissional de "chão de loja" está em baixa e é cada vez menos valorizado. Martins lembra que há grandes marcas brasileiras em que o presidente da empresa começou na base de operação.

"Mas se esse profissional chega sem estudo e sem muita vontade de trabalhar, ele não vai crescer."

Editoria de Arte/Folhapress

ENTREGAS

Na outra ponta, um profissional muito desejado, segundo os especialistas, é o gerente de operações logísticas -também chamado de gerente de "supply chain" (cadeia de suprimentos).

"Tanto o profissional de logística que trabalha com varejo físico quanto o que tem experiência no comércio eletrônico são muito demandados e valorizados hoje no Brasil", diz Jorge Martins, gerente da empresa de recrutamento Robert Half.

Segundo ele, existem poucos profissionais no Brasil com experiência na administração de centros de distribuição, principalmente os ligados às vendas virtuais. Esses funcionários têm sido treinados pelas próprias empresas.

O administrador Guilherme Lima, 37, trabalha na área desde 2000 e hoje, como gerente de logística da marca Puket, lidera 90 profissionais divididos entre São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Ele é responsável pela distribuição dos produtos para as lojas próprias e os magazines. É ele quem envia para o centro de distribuição os itens comprados pela web.

Formado em administração e com um MBA em "suplly chain", Lima tem uma vida corrida. Com certa frequência, trabalha de madrugada, aos finais de semana e nos feriados. Ele resolve pepinos o tempo todo.
"O profissional de logística precisa estar ligado, ter visão e gostar de resolver problemas. Tem que saber rebolar", comenta.

Outro profissional em alta é o gerente de compras -o responsável pela aquisição de matéria-prima e também por produtos prontos para a revenda. Martins, da Robert Half, conta que, em uma reunião de um grande grupo varejista, o presidente da empresa comentou: "Eu não me importo se o meu profissional de compras ganhar mais do que eu".

A valorização deste profissional deve-se ao fato de que, se uma empresa comprar mal, também venderá mal.

 

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