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22/06/2014 - 02h45

Empresas reconhecem problema e tentam ampliar diversidade de funcionários

ISABEL KOPSCHITZ
DE SÃO PAULO

Relatórios divulgados por Google e LinkedIn neste mês revelaram um quadro de funcionários bastante homogêneo. No gigante das buscas, 70% dos profissionais são homens e 61% são brancos -na liderança, a discrepância cresce, chegando a 79% e 72%, respectivamente.

As empresas fizeram um "mea culpa", admitindo que precisam corrigir as desigualdades. Na semana passada, a diretora de operações do Facebook, Sheryl Sandberg, chegou a dizer que a falta de diversidade nas empresas de tecnologia é "deprimente".

Raquel Cunha/Folhapress
Camila Finzi, diretora-geral da Alcon, foi beneficiada com políticas direcionadas a mulheres líderes
Camila Finzi, diretora-geral da Alcon, foi beneficiada com políticas direcionadas a mulheres líderes

No Brasil, algumas empresas têm políticas e programas destinados a tentar alavancar a carreira de "minorias corporativas" como negros, homossexuais e, principalmente, mulheres.

A consultoria Accenture deu início em 2007 a um programa de correção de desigualdade de gênero. Na época, as mulheres não chegavam a 20% dos funcionários. Hoje, são 38% no quadro geral e 28% no nível gerencial.

Um dos programas da empresa provê sessões de mentoria para as profissionais em cargos de liderança.

Para João Lins, líder de gestão de capital humano na consultoria PwC Brasil e professor de administração na FGV, a escassez de mão de obra qualificada no país levou as empresas a darem mais atenção às mulheres.

"Temos mais graduadas que graduados, mais mestras que mestres, mais doutoras que doutores. Não é inteligente desprezar esse pool", diz.

Camila Finzi, 41, que é diretora-geral na Alcon, do Grupo Novartis, participou de alguns dos programas reservados a mulheres pela empresa. Teve acesso, por exemplo, ao Female Leadership Program, projeto mundial para estimular e capacitar líderes do sexo feminino.

Depois da maternidade, contou com benefícios como trabalho flexível e sala de amamentação na empresa. "Consegui amamentar a minha filha até um ano de idade, porque ia para casa na hora do almoço. Essa flexibilidade é importante", conta.

A empresa farmacêutica tem hoje 45% dos cargos executivos ocupados por mulheres. Entre os gerentes, 51% são do sexo feminino.

Davi Ribeiro/Folhapress
Gisela Pinheiro, 35, diretora para a América Latina de divisão química da Dow
Gisela Pinheiro, 35, diretora para a América Latina de divisão química da Dow

DIREITOS IGUAIS

Diretora de uma divisão química da Dow para a América Latina, Gisela Pinheiro, 35, diz que contou com o apoio da empresa para sua mulher quando foi expatriada para a sede da organização, em Michigan (EUA), em 2008. Na época, o STF (Supremo Tribunal Federal) ainda não havia estendido os benefícios dos casais heterossexuais aos de mesmo sexo.

Ambas tiveram o mesmo pacote de benefícios, que incluiu itens como aulas de inglês, documentação e plano médico pagos.

"Contei sobre a minha orientação sexual quando a empresa me ofereceu a oportunidade. Acho que isso não deve nem favorecer nem prejudicar ninguém", diz.

Em alguns casos, esse tipo de política se estende também à contratação de profissionais. Ao constatar, por meio de pesquisa, que quase não tinha funcionários negros, a consultoria KPMG passou a recrutar trainees na Faculdade Zumbi dos Palmares, de São Paulo, direcionada a esse segmento.

Segundo a gerente de recursos humanos da companhia, Tatiana Gouveia, o objetivo é que a empresa seja um reflexo mais fiel da comunidade onde atua e que compreenda como pensam diferentes grupos.

Apesar desses programas, Luiz Alex Saraiva, professor de estudos organizacionais da UFMG, diz que, muitas vezes, essas ações estão muito restritas ao discurso.

"As empresas têm que prestar contas aos acionistas e eles privilegiam os negócios considerados inclusivos. Mas existe uma discrepância entre a formalização e a prática dessas políticas."

Editoria de Arte/Folhapress
 

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