Fazer mais do que o prometido pode não dar em nada no trabalho, diz estudo

Se você sempre faz mais do que seu cliente ou chefe pedem, saiba que é bem provável que ninguém reconheça esse valor. É o que descobriu uma pesquisa de dois cientistas americanos.

Segundo o artigo no jornal "Social Psychological and Personality Science", quase não há mudança nos níveis de satisfação do interlocutor quando as pessoas fazem mais do que prometeram.

O cientista comportamental Ayelet Gneezy, da Universidade da Califórnia em San Diego, e Nicholas Epley, professor da Escola de Negócios da Universidade de Chicago, conduziram uma série de experimentos e estudaram as respostas a três tipos de promessas: as não cumpridas, as mantidas e as que foram não só cumpridas, mas cujos resultados ficaram acima do combinado.

Em um dos experimentos conduzidos pela dupla, por exemplo, os pesquisadores pediram aos participantes para se lembrarem de três promessas: uma quebrada, uma cumprida e uma excedida. Os participantes, então, atribuíram notas a cada um dos comportamentos, de acordo com o nível de satisfação que tiveram.

Por um lado, ficou constatado que é verdade que todo mundo fica chateado quando uma promessa não é cumprida e, por outro, o estudo provou que entregar mais do que o pedido não necessariamente impressiona.

Os acadêmicos sugerem que esse padrão de resposta reflete uma tendência geral, nas sociedades, de desencorajar atitudes egoístas e recompensar as ações cooperativas.

"Fiquei surpreso como exceder uma promessa produziu um aumento tão pequeno de gratidão ou apreciação. Descobrimos que praticamente não existe ganho em fazer mais do que o prometido", diz, em nota, Epley.

A razão para isso, segundo o cientista, é que promessas funcionam como contratos verbais. Se alguém promete algo, seu interlocutor presume que aquilo vá ser feito, nem mais nem menos.

"Isso nos faz pensar sobre quanto esforço se faz e como usar seus recursos de forma sábia", explica.