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13/07/2014 - 03h01

Executivos e artistas contam como lidam com um '7 a 1 profissional'

FELIPE MAIA
EDITOR-ADJUNTO DE "CARREIRAS"
BÁRBARA LIBÓRIO
DE SÃO PAULO

Assumir sua parcela de culpa pelo fracasso, mapear o que levou até ele e entender como evitá-lo são os passos básicos para se recuperar de uma frustração. É preciso também humildade para começar de novo, mesmo que você não tenha responsabilidade sobre a tragédia.

Edmar Melo/UOL
Bruno Medina, do Los Hermanos
Bruno Medina, do Los Hermanos

MINHA BANDA ACABOU

Bruno Medina, 35, estranhou ao se ver, aos 29 anos, dividindo a fila para tirar a carteira de trabalho com garotos de 14 anos. Era o primeiro emprego dele. Nos dez anos anteriores, ele estava ocupado demais fazendo sucesso com a banda Los Hermanos, formada com colegas ainda na faculdade.

Mas, no início de 2007, o grupo decidiu parar -Medina diz que não esperava que isso acontecesse de forma tão definitiva naquele momento.

Por sentir que, se continuasse na carreira musical, tudo seria "um decréscimo do que já havia tido", ele decidiu iniciar uma outra carreira: foi trabalhar em um canal de TV fazendo as chamadas dos programas, no qual ganhava um sexto do que faturava como músico.

Hoje, dirige a área de "gamificação" da agência de inovação MJV e ganha "praticamente" o que faturava com os Los Hermanos.

"Você tem que acreditar, mesmo sabendo que vai comer capim", recomenda.

Divulgação
Rony Meisler, do grupo Reserva
Rony Meisler, do grupo Reserva

ASSALTADO NO NATAL

Em dezembro de 2012, a loja mais importante do grupo Reserva (que engloba várias marcas de roupas) em São Paulo, na rua Bela Cintra, foi assaltada. Foi o segundo roubo em menos de três meses.

"Era véspera de Natal e a equipe toda estava motivada, precisando vender. Deixaram o local destruído", conta Rony Meisler, 33, presidente da empresa -R$ 40 mil em produtos foram roubados. Eles decidiram colocar uma grade no estabelecimento.

A ação dos criminosos foi gravada pelas câmeras de segurança do local e as imagens renderam um vídeo promocional para a liquidação do início do ano seguinte.

"Vivemos em um país hostil para os negócios. É preciso ser criativo, ver graça nas coisas e transformar limões em limonadas."

NÃO POSSO USAR MEU SOBRENOME

O estilista Marcelo Sommer, 47, não pode lançar roupas com seu sobrenome. A marca Sommer foi adquirida pelo grupo AMC em 2004.

"Quando vendi a empresa, vendi também o meu trabalho como diretor criativo. Dois anos depois, as divergências sobre a condução do negócio levaram a um rompimento. Foi difícil", explica.

O estilista considera que deveria ter tomado mais cuidado com o contrato.

Ele conta que, depois da frustração, teve que se reinventar. Hoje, utiliza uma nova marca, a Do Estilista, e também faz figurinos e consultorias de moda.

"Minha maneira de superar foi continuar trabalhando. Eu não estava pronto para me aposentar aos 40 anos, então continuei com minha carreira", diz Sommer.

O estilista conta que a experiência trouxe aprendizados. "Vi que moda não é só arte e criação. É preciso ficar atento à administração."

Para ele, o melhor conselho para quem passa por um momento difícil na carreira é não desistir do sonho.

Gabo Morales/Folhapress
Rony Meisler, do grupo Reserva
Rony Meisler, do grupo Reserva

SOMA DE ERROS GERA DERROTAS

Para um empresário da publicidade, o equivalente a tomar uma goleada é perder um grande cliente, afirma o publicitário Washington Olivetto, 62, presidente do conselho de diretores da agência WMcCann.

Não só pelo efeito que isso tem no faturamento da empresa, mas também por suas causas. "Você não perde um cliente de um dia para o outro. É uma somatória de erros que provoca isso", diz. "Assim como a seleção brasileira começou a perder desde a última Copa, por causa da preparação que não fez."

Ele diz que, quando isso acontece, é preciso identificar o que poderia ter sido corrigido e não foi -também é necessário fazer essa análise quando se ganha.

Ele prefere não citar exemplos de grandes clientes que perdeu, mas diz que, quando isso acontece, procura "partir para a reconquista" e usar a experiência adquirida no atendimento naquela área para conquistar um concorrente do ex-parceiro.

Divulgação
Thibaud Lecuyer é um dos cofundadores da Dafiti
Thibaud Lecuyer é um dos cofundadores da Dafiti

DUVIDARAM DO MEU POTENCIAL

Thibaud Lecuyer, 33, é cofundador do e-commerce de moda Dafiti. Francês, trabalhou por anos no banco JP Morgan antes de vir para o Brasil lançar o negócio a convite do fundo de investimentos Rocket Internet.

Mesmo assim, entrar no mercado brasileiro não foi fácil, diz ele. "Quando cheguei, as pessoas não acreditavam em mim. Diziam que eu não tinha experiência aqui e que o mercado no Brasil era muito fechado."

Ele conta que usou o desafio para se aperfeiçoar e ganhar mais experiência. "Algumas pessoas me disseram que eu não conseguiria me instalar no Brasil e voltaria para meu país. Quando as reencontrei, provei que elas estavam erradas."

Em três anos, a Dafiti levantou cerca de R$ 660 milhões em investimentos e é um dos maiores sites de vendas de moda do país.

"A vida profissional é como o mercado financeiro: cíclico. Um dia se está no topo, no outro não. É preciso aprender com os erros e criar novas oportunidades", afirma.

Divulgação
Andrea Rufino, da Agarre.com
Andrea Rufino, da Agarre.com

GRÁVIDA E DESEMPREGADA

Andrea Rufino, 42, teve duas crises graves entre gestação e trabalho. Na primeira, em 2006, na derrocada da Varig, perdeu o emprego na companhia dez dias depois de dar à luz. Na segunda, em 2008, quando esperava o terceiro filho, ela afirma que foi demitida pouco depois de dar a notícia aos chefes -era contratada como pessoa jurídica, e não pela CLT, o que fez com que tivesse dificuldades econômicas.

Nas duas oportunidades, a executiva diz ter percebido a importância de ter uma boa rede de contatos: antigos chefes passaram trabalhos free-lancer para ela. "Da segunda vez, eles não se importaram com a gestação e me deram projetos para tocar", conta. Hoje, Rufino é diretora-geral da empresa de turismo on-line Agarre.com no Brasil.

Zô Guimaraes/Folhapress
O ator Ney Latorraca
O ator Ney Latorraca

MINHA PIOR NOVELA

Segundo o ator Ney Latorraca, 69, o fracasso tem um gosto amargo que fica na boca. "O segredo para superar? Beber bastante água, tomar um banho e ir em frente."

Ele afirma que uma das maiores frustrações na sua carreira foi sua atuação na novela "Sem Lenço, Sem Documento", exibida entre 1977 e 1978, na qual interpretava o escritor Marco.

"Eu sabia que não estava bem. Tinha vindo de um estrondoso sucesso, com 'Estúpido Cupido', mas, na primeira gravação, já pensei que aquilo não daria certo."

O ator também sofreu um "apagão", como a seleção brasileira no jogo contra a Alemanha. "Eu era a atração principal de um congresso e simplesmente esqueci o que devia falar. Deu branco."

Segundo ele, depois do fracasso, o que resta é "levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima". "A gente esquece rápido dos sucessos e dos fracassos. O que não podemos fazer é crucificar a pessoa que errou", afirma.

 

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