Graduação a distância em finanças cresce com 'forasteiros'
DE SÃO PAULO
A demanda do mercado por profissionais e a busca por atualização mesmo por quem não atua nesse setor fez com que aumentasse a procura por graduações a distância na área de finanças.
Dados da consultoria Hoper Educação mostram que o número de alunos ingressantes no curso de ciências contábeis deu um salto entre os anos de 2011 e 2012, o último dado disponível – a alta foi de 61%, chegando a 32,9 mil.
Para Stavros Xanthopoylos, vice-diretor do FGV/IDE, além da busca de profissionais da área de finanças que querem se capacitar, pessoas que não são do setor têm procurado uma complementação para se posicionar melhor no mercado.
Foi o caso de Mayara Oliveira, 25, que iniciou o curso de ciências contábeis a distância neste ano. "Trabalho na área de planejamento estratégico e financeiro. Senti que a graduação me daria vantagem competitiva", diz.
Ela está concluindo o curso de tecnologia em processos gerenciais, também a distância, em outra faculdade.
Raquel Cunha/Folhapress | ||
Mayara Oliveira, estudante de ciências contábeis |
Para Carlos Pereira, sócio da consultoria de RH Top Quality, as áreas de exatas são menos impactadas pelo ensino não presencial, "por exigirem menos contato com experiências práticas."
Ainda assim, Oliveira conta que já sofreu preconceito em processos seletivos. "Na hora em que eu falei que meu curso era dessa forma, a entrevistadora desconversou totalmente", afirma.
Já em entrevistas internacionais, ela diz que a aceitação é boa. "Os estrangeiros até valorizam esses cursos porque entendem que o aluno é esforçado e tem mais disciplina", explica.
Em alguns casos, esses alunos escrevem e leem melhor do que a maioria das pessoas que fazem cursos presenciais", afirma Xanthopoylos.
Tarcísio da Luz, 30, é aluno do curso tecnológico em gestão financeira. Ele afirma que o relacionamento com os professores não é afetado pela distância. "Mas é claro que depende da outra parte. Já tive um professor que me respondeu uma dúvida por e-mail em sete minutos. Outro, só no dia seguinte", diz.
Trabalhando na área de finanças desde os 16 anos, ele conta que sentiu necessidade de uma graduação para pleitear cargos de chefia. "Questionam mais o fato do curso ser de tecnólogo do que de ser a distância. Consegui uma promoção por conta da graduação", conta.
Ele afirma que, após concluir o programa, pretende fazer um MBA na área, também nessa modalidade.
Para Henrique Gamba, gerente executivo da recrutadora Talenses, os cursos de graduação em modalidades não presenciais ainda podem inspirar um certo preconceito. O mesmo, diz, não acontece nos cursos de extensão ou pós.
"Esses cursos existem há mais tempo e hoje é mais comum encontrar profissionais com essa formação", diz.
Ele espera que o ensino a distância cresça. "Você barateia o curso da mensalidade e forma mais profissionais. Além disso, muitos fundos de educação internacionais estão vindo para o Brasil para investir na modalidade."
Colaborou BÁRBARA LIBÓRIO, de São Paulo
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