Trabalhar a distância e sem supervisão traz liberdade, mas exige disciplina
BRUNO BENEVIDES
DE SÃO PAULO
Durante quatro meses, o executivo Luiz Antonio Sacco foi um nômade em São Paulo, trabalhando de restaurantes, de cafés e até do sofá da própria casa
Escolhido para montar o escritório da SafetyPay –empresa americana de pagamento virtual– em São Paulo, ele foi o único funcionário da companhia no país durante o período, no ano passado. "Eu tive que me desdobrar, era de secretário a presidente", afirma.
Gustavo Epifanio/Folhapress | ||
Luiz Antonio Sacco, diretor-geral da SafetyPay no Brasil |
Entre as atividades, teve que contratar uma equipe, montar o escritório e manter contato com funcionários, parceiros e clientes. Como não tinha sede, marcava as reuniões no horário do almoço ou do café da manhã, em restaurantes. Às vezes, trabalhava em um Starbucks.
Ele mantinha uma rotina clara, com horários separados para responder aos principais e-mails, falar com a sede e fazer as entrevistas.
Executivos que atuam de forma autônoma, sem supervisão, ou que trabalham de casa (em "home office") precisam ter disciplina para organizar a rotina e administrar o tempo disponível.
"A autodisciplina nesse caso tem de existir com propriedade", afirma Roselene Rouhe, professora de administração e recursos humanos do Senac de São Paulo.
"A pessoa precisa ter também confiança em suas habilidades e autonomia para tomada de decisão", diz ela.
Para Guy Cliquet, professor do Insper, é importante traçar um planejamento, pois isso garante mais liberdade.
"As pessoas acham que não ter uma rotina dá mais liberdade, mas na verdade elas acabam sem tempo porque estão sempre atrasadas, correndo atrás de alguma coisa."
Ele afirma que o executivo precisa conseguir priorizar o que é mais importante e recomenda relatórios para atualizar os envolvidos no projeto.
Sacco remetia a seus chefes nos Estados Unidos um e-mail semanal com um resumo de suas atividades. "Ele tinha no máximo uma página, nada muito grande", diz. "Se precisava falar mais, marcávamos um Skype para alinhar tudo", explica.
PRESSÃO
Rouhe, do Senac, considera que um profissional que trabalha sozinho acaba sendo mais pressionado na hora de entregar resultados.
Segundo Rouhe, ele precisa "saber lidar bem com o inesperado e trabalhar sob pressão e em condições adversas". Também é importante que ele saiba assumir as responsabilidades.
Entre as atividades de Sacco estava inclusive cuidar da obra do escritório da empresa. "Eu tinha um arquiteto, para quem eu delegava isso, mas passava na obra quase todo dia para ver como estava indo."
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