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02/11/2014 - 02h00

Executivos que viraram CEO antes dos 40 indicam o caminho para os jovens

ANA MAGALHÃES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Tornar-se CEO com menos de 40 anos de idade não é sonho tão distante hoje. A internet, as redes sociais e a expansão das start-ups (empresas iniciantes com base tecnológica) provocaram mudanças no ambiente corporativo –tanto na gestão quanto no perfil dos presidentes-executivos de médias e grandes empresas.

A figura do presidente centralizador, autoritário, com terno e gravata e cabelos grisalhos vem sendo substituída pela imagem de um CEO jovem, dinâmico e inovador.

Para realizar o sonho de chegar lá antes dos 40 anos, é preciso falar alguns idiomas, ter experiência internacional e preferencialmente ter cursado um bom MBA. Mas não é só. Características e habilidades pessoais são diferenciais importantes.

"Nunca foi tão propício para jovens assumir mais rapidamente esse objetivo de ser CEO", afirma Caroline Marcon, diretora da consultoria Hay Group, que realiza pesquisas com grandes empresas sobre liderança e gestão.

Raquel Cunha/Folhapress
Eduardo Thuler, 40, é o presidente da Catho desde que tem 38 anos
Eduardo Thuler, 40, é o presidente da Catho desde que tem 38 anos

Para ela, inclusive, o presidente jovem que vem de fora e que tem menos experiência na organização pode ter mais capacidade de mudar e de dar resultados positivos.

"O poder no mundo corporativo está mais diluído, não está mais no topo da empresa. Por isso, o CEO precisa saber influenciar pessoas. Já não existe a lógica do eu mando e você obedece'. Hoje, o líder tem que ter competência emocional para trazer o outro para dentro do seu projeto", analisa.

Levantamento feito no ano passado pela consultoria com 105 empresas de faturamento anual superior a US$ 50 milhões indica que uma em cada dez empresas ouvidas tem um CEO de menos de 40 anos. No comparativo anual, houve uma redução de presidentes jovens –no ano passado esse percentual era de 23%, com 99 empresas ouvidas.

Para Marcon, no entanto, como a pesquisa é feita com grandes empresas, ela pode não refletir a realidade.

Entre as dicas de especialistas e de CEOs jovens, estão a habilidade de influenciar pessoas, a capacidade de ter uma visão de futuro, o gosto por desafios e a necessidade de conhecer distintas áreas da empresa.

Para Claudia Sender, 40, presidente da TAM Linhas Aéreas, o ambiente de negócios é pautado por eficiência e resultados e é para esse universo que o jovem deve se preparar. Segundo a executiva, que assumiu a liderança da companhia com 38 anos, dois ingredientes são fundamentais: a paixão e a humildade.

"Ser apaixonado pelo que se faz torna todo compromisso mais leve e possível. E a humildade é fundamental para conseguir enxergar os problemas e as soluções em potencial", diz Sender, da TAM.

Ela aconselha os jovens a desenvolver a capacidade de trabalhar com muitas pessoas diferentes e de dar poder às equipes para que elas alcancem resultados eficazes.

Na trajetória rumo ao topo, o início pode fazer a diferença. O atual CEO da US Zinc, empresa norte-americana controlada pela Votorantim Metais, Rodrigo Daud, 37, diz que ter começado como trainee foi fundamental para ter chegado ao cargo.

Segundo ele, que mora no Texas (EUA), a experiência deu a oportunidade para que pudesse ter uma visão ampla da companhia, conhecendo as diferentes áreas, unidades e, principalmente, as pessoas da empresa.

Para Daud, o jovem executivo deve ter facilidade de entender o contexto da companhia e de perceber o que existe de oportunidade dentro de uma organização.

CUIDAR DE PESSOAS

Eduardo Thuler, 38, ex-Google e contratado como presidente da Catho neste ano, considera que hoje os líderes devem estar preocupados em ajudar as pessoas, tanto os funcionários quanto o consumidor final.

"No passado as empresas podiam passar o cliente para trás. Hoje isso não se sustenta mais. Houve um tempo em que a preocupação dos líderes era gerar mais lucros, mas hoje o foco está no usuário."

Ele recomenda também que o executivo tente entender "de tudo um pouco", em áreas como finanças, marketing e vendas.

"Mas conheça ao menos um assunto em profundidade, que no meu caso é tecnologia", aconselha ele, que é formado em ciência da computação pela Unicamp.

Na avaliação de Paul Strebel, professor de liderança e estratégia da escola de negócios IMD, os jovens tendem, realmente, a assumir mais riscos e se adaptar às mudanças de maneira mais rápida. Ele recomenda que os executivos assumam tarefas desafiadoras no início de sua carreira, o que lhes dará um histórico e a oportunidade de desenvolver suas habilidades de liderança.

Quando ainda era o vice-presidente da Monsanto, Rodrigo Santos, 41, recebeu uma proposta de tocar a sede da empresa na Romênia e na Bulgária. "Foi uma decisão difícil", conta.

Ele analisou com sua mulher a proposta e aceitou, justamente pelo grau de desafio que a experiência lhe oferecia. "Saia da zona de conforto, vá para posições que vão te desafiar muito", aconselha Santos, que assumiu a presidência da empresa em 2013, com 39 anos.

Karime Xavier/Folhapress
Marcos Leite, 31, CEO da OLX
Marcos Leite, 31, CEO da OLX

Outro ponto importante, segundo Denise Poiani Delboni, professora de relações trabalhistas da FGV, é conhecer muito bem o setor no qual o profissional tem a ambição de crescer -não apenas no Brasil, mas no mundo, sendo capaz de identificar a concorrência, possíveis parceiros, produtos e tendências.

Para ela, esse ponto explica por que as áreas comercial e financeira geram tantos CEOs. "Esses profissionais costumam conhecer muito bem o setor em que atuam."

Apesar de CEOs jovens terem algumas vantagens sobre os mais velhos, há um ponto negativo –a falta de experiência.

Para driblar isso, o conselho de Marcos Leite, 31, presidente do site de comércio OLX, é ter humildade. "A minha equipe inteira é mais velha do que eu e sempre os ouço antes de tomar decisões."

 

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