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02/11/2014 - 02h00

Saber se organizar e se comunicar é essencial para ser feliz no trabalho

REINALDO CHAVES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ter uma carreira executiva e ser feliz podem ser estados incompatíveis caso o profissional não se prepare muito.

Pesquisa feita neste ano com 500 grandes companhias no Brasil mostrou que 49% dos executivos estão insatisfeitos com o desequilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal, 27% sentem-se cansados e apenas 24% estão com energia em alta.

A consultoria BTA (Betania Tanure Associados), responsável pelo levantamento, ouviu mil executivos que são presidentes, diretores ou gerentes.

Segundo a pesquisa, as cinco principais queixas são: falta de tempo (especialmente para mulheres com filhos de até 10 anos), exigência de várias competências (relatada mais por homens acima de 40 anos) e mudanças radicais frequentes nas empresas. Também aparecem inadequação para a função e dificuldades para lidar com o jogo de poder nas corporações.

Raquel Cunha/Folhapress
Sandra Abrahão é diretora da área médica, regulatória e farmacovigilância da Bayer
Sandra Abrahão é diretora da área médica, regulatória e farmacovigilância da Bayer

A sempre presente pressão por resultados e as várias horas de trabalho naturalmente tornam difícil o cotidiano de executivos.

Sandra Abrahão, 57, diretora da área médica, regulatória e farmacovigilância da Bayer, por exemplo, começa sua rotina todos os dias às 6h30 e só a termina no fim da noite. Para ela, só a organização rígida ameniza essa dificuldade, incluindo o controle do tempo de reuniões.

"Você precisa estar 100% onde estiver, por isso já começo minha semana sabendo o que vou fazer. É preciso ter também prioridades absolutas. Nunca deixei de ir a apresentações na escola de minhas filhas", conta.

Para a psicóloga e uma das autoras do livro "Executivos – Sucesso e (In)felicidade" (Editora Elsevier), Betania Tanure, o ritmo alucinado de trabalho de muitos setores da economia, principalmente aqueles que usam a tecnologia para permitir funções remotas, torna o executivo refém do trabalho.

"O executivo que faz um grande investimento na carreira e um mínimo em seus compromissos sociais é o que chamamos de prisioneiro do sucesso. O retorno profissional vem rápido, mas não é sustentável", afirma.

Tanure afirma que a solução ou diminuição desses problemas envolve primeiro o autoconhecimento do profissional. Ou seja, ele precisa tentar entender o que considera uma vida feliz, e a partir daí guiar suas escolhas.

Nenhuma empresa tem a obrigação de entregar felicidade a seus funcionários Clemente Nobrega pesquisador de gestão

Se o destino final [de um momento de mudança] é recompensador, todo mundo aguenta Paulo Miri vice-presidente de vendas da Whirlpool

Paulo Miri, 43, vice-presidente de vendas da Whirlpool na América Latina, que é dona da marca Brastemp, concorda que mudanças em companhias são grandes focos de insatisfação –algo identificado na pesquisa da BTA. Nessas situações, ele considera importante deixar claro para os envolvidos qual é o objetivo final da mudança.

"É como uma viagem, que pode ser tensa no início e incluir turbulências no meio. Mas, se o destino final é recompensador, todo o mundo aguenta", diz.

De acordo com especialistas, é importante perceber que o processo para atingir o objetivo, e não apenas chegar a ele, pode ser prazeroso.

A diretora estratégica de RH da CPFL, Silvia Zwi, considera que o prazer e a satisfação no curto prazo não produzem uma carreira consistente, linear. "Temos muitos apelos de imediatismo na sociedade que não condizem com a carreira executiva. O profissional de excelência busca também motivações de longo prazo para fortalecer seu ânimo a cada desafio."

PROCURE SABER

Sobre o jogo de poder nas organizações, Miri opina que possíveis crises são resolvidas quando o executivo e outros funcionários seguem o código de conduta das empresas sem complacência. "Isso deixa claro para todos quais são os limites", afirma.

O pesquisador de gestão e estratégia e autor do livro "Empresas de Sucesso, Pessoas Infelizes?" (Editora Senac), Clemente Nobrega, afirma que essas práticas são um exemplo de gestão de pessoas, pois o funcionário, independentemente do escalão, recebe informações detalhadas de como a companhia funciona.

"Nenhuma empresa tem a obrigação de entregar felicidade a seus funcionários, mas o que as pessoas exigem são processos justos e reciprocidade. Se uma pessoa está em um ambiente e percebe que não recebe na proporção em que dá, tende a ser infeliz e se corromper."

Mas Nobrega reconhece que várias companhias no Brasil não têm a atenção devida com a gestão de pessoas e assim não têm critérios claros para promover, demitir ou até para a produção.

"Onde não há clareza, o executivo deve procurar conhecer as regras e assim decidir se isso se encaixa em sua visão de felicidade ou não."

 

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