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23/11/2014 - 02h30

Empresas valorizam profissionais acima de 40, mas salários mais altos são empecilho

ANDRÉ CABETTE F[ABIO
DE SÃO PAULO

Uma pesquisa com 426 empresas contratantes feita pelo site de recrutamento Vagas.com indica que 81,84% delas destacam maturidade e 80,1%, experiência de mercado como vantagens de contratar um funcionário com mais de 40 anos. Mas, quando a qualificação é equivalente, 56,7% disseram preferir os mais jovens.

Apesar de não representar a totalidade das empresas brasileiras, o levantamento indica que alguns preconceitos persistem. Mais da metade (56%) disseram que a remuneração mais alta é um impeditivo.

"O empregador sabe que eles precisam ganhar mais, por ter mais experiência e responsabilidades, como filhos. Isso é um empecilho", diz Fabíola Lago, responsável pela pesquisa do Vagas.com.

Depois de tocar por três anos uma empresa própria que não deu certo, o analista de sistemas Luis Monteoliva, 47, começou a buscar trabalho como programador há dez meses. Apesar da experiência na área desde 1984, diz não conseguir emprego.

Raquel Cunha/Folhapress
Luís Cláudio Monteoliva, 47, relata dificuldades para conseguir novos trabalhos como programador
Luís Cláudio Monteoliva, 47, relata dificuldades para conseguir novos trabalhos como programador

"Quando chego na seleção, sinto-me deslocado. A maioria dos programadores e entrevistadores são bem mais novos. Quando digo minha idade, a expressão muda."

Essa competição com os mais novos pode achatar os salários, mas, para Irene Azevedo, consultora de carreiras da empresa de recursos humanos LHH/DBM, o importante é buscar uma vaga que abra possibilidades. "Se sou subordinada ao diretor, isso abre uma perspectiva de crescimento interessante", diz.

Ela diz também que é importante analisar a situação previamente. "Se chego aos 35 e não deslanchei, tenho que ver no que melhorar."

O levantamento mostra que 25,5% dos entrevistados procuram profissionais na faixa dos 40 anos para cargos técnicos, mais básicos. Para cargos de gestão, que existem em menor número, 77% deles preferem os mais velhos.

Há 18 anos no mercado, a gerente de planejamento tributário Lucila Afonso, 40, foi demitida no final de maio, mas conseguiu outro emprego em três meses. "Precisavam de alguém com conhecimento fiscal para comandar uma nova área", diz.

André Rapoport, diretor da empresa de recursos humanos Right Management, concorda que há mais espaço no mercado para os mais velhos em cargos de gestão. Para os que não chegaram a esse nível, o desafio é maior.

"Existe a percepção de que um profissional jovem tem mais energia. Uma dica é manter-se ativo intelectual e fisicamente e mostrar isso na seleção. Não responda apenas às perguntas, dê um passo à frente e conte o que faz de concreto na vida pessoal e profissional", diz.

Para quem não quer virar chefe, o levantamento aponta que 68% dos empregadores preferem os mais velhos como especialistas.

Algumas habilidades são, no entanto, básicas. "Estou atendendo um profissional que quer mudar de empresa depois de 17 anos. Se não correr atrás do inglês, não vai conseguir", diz Cláudia Monari, consultora da empresa de recursos humanos Career Center.

DE VOLTA AO TRABALHO

O engenheiro Carlos Botelho, 55, trabalhou na multinacional DuPont por mais de 23 anos, onde atuava na área de negócios e calçados, mas foi cortado em 2013 depois que a companhia decidiu mudar o foco dos negócios.

Depois de refletir sobre a possibilidade de se aposentar, decidiu não só continuar como também mudar de área -para trabalhar com energia ou indústria automobilística. Fez uma conta na rede social de negócios LinkedIn e, acionando contatos, foi chamado para seis processos seletivos. "As redes sociais não são tão boas para encontrar vagas. Elas servem para saber quem você conhece e pode te apresentar para alguém do seu interesse", diz.

Ele conseguiu contatos de uma empresa do Rio Grande do Sul que vende materiais para a indústria automobilística. De passagem pelo Estado, propôs uma conversa sem compromisso.

Seis meses depois, foi chamado para o cargo de gerente de vendas, que assumiu em março deste ano.

Fabio Braga/Folhapress
O gerente de vendas da FCC-SP, Carlos Eduardo Botelho, 55, trabalhou por 23 anos na Dupont e levou um ano para se recolocar no mercado de trabalho
O gerente de vendas da FCC-SP, Carlos Eduardo Botelho, 55, trabalhou por 23 anos na Dupont e levou um ano para se recolocar no mercado de trabalho

"Quando está sem emprego, é preciso se expor, marcar um almoço e dizer 'estou procurando, fique antenado' para o contato, que pode te apresentar outros", diz Monari, do Career Center.

Para quem tem mais de 40, experiência é um ativo que deve ser valorizado. A gerente de vendas Andrea Uchôa, 41, ficou sem emprego no começo do ano, mas foi recolocada em três meses.

"Eu redigi novamente meu currículo de uma forma mais 'vendedora', pensando nas melhores realizações no meu trabalho e como eu lidero as pessoas", conta.

VEJA ABAIXO 4 DICAS SOBRE RECOLOCAÇÃO PROFISSIONAL APÓS OS 40

Busco um cargo menor

Só faça esse movimento se for para aprender algo novo ou manter a mesma responsabilidade. Há cargos de gerência que têm, na prática, responsabilidade igual à de um diretor. As empresas tendem a enxergar esse tipo de movimento como um ato desesperado. Sabem que, assim que o candidato tiver proposta melhor, decidirá ir embora.

Escondo algo do meu currículo?

Essa estratégia não deve ser considerada em nenhuma situação. Ela indica que o candidato não está pleiteando a posição certa e não confia no chefe, que vê como incapaz de lidar com um funcionário bem preparado. Esse tipo de informação tende a vir à tona e nesses casos, o problema com o chefe inseguro só aumentaria.

Aceito um salário menor?

De acordo com estudo do Vagas.com esse é um desafio para 44,3% dos entrevistados com mais de 40 anos. Os salários estão sendo achatados, em parte porque multinacionais estão cortando cargos de gerência no Brasil para não fechar na Europa e nos Estados Unidos em crise. A perspectiva que a vaga abre é mais importante do que o pagamento imediato.

É hora de mudar de área

Quando sente que não aprende nada, está cansado para ir ao trabalho todos os dias, está numa zona de conforto e já venceu todos os desafios, é hora de mudar de área. Pense que tipo de habilidades úteis tem e quer usar em outro campo, ou descubra que movimentos pode fazer mudando de área de atuação dentro da estrutura da empresa

 

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