Sites ajudam a achar freelances, mas profissionais reclamam de valores baixos

Sites para a contratação de profissionais autônomos proliferaram e prometem facilidade no acordo entre cliente e prestador de serviço, inclusive para trabalhos internacionais. Mas usuários dizem que os pagamentos são baixos, e os problemas de relacionamento, altos.

Para evitar estresse, é preciso deixar claro custos, prazos e limite do trabalho.

O programador Ariel Conti, 19, formou-se em 2013 em um curso técnico de informática pela internet e faz bacharelado em sistemas de informação. Ele trabalha oito horas por dia em uma agência de publicidade e investe duas horas e meia em trabalhos como freelancer.

	Karime Xavier/Folhapress
	Ariel Conti, 19, que busca clientes na web

"Como estou começando, sempre uso sites. Neste ano já fiz cinco trabalhos", conta. Para programar uma página, cobra de R$ 1.200 a R$ 2.000. Lojas virtuais custam de R$ 2.000 a R$ 3.000. Sua maior dificuldade é lidar com clientes que não conhecem o tipo de serviço que contratam.

"Quem recorre a esses sites são empresas pequenas que querem trabalhos com preço menor que o de agências", afirma.

Eduardo L'Hotellier, presidente do site GetNinjas, que reúne de designers a churrasqueiros, defende esses empregadores. "Há, sim, gente sem conhecimento da área que pede um preço abaixo da média e prazos irreais. Mas o tio do cachorro-quente também deve poder buscar profissionais para seu site", diz.

"O desafio do freelancer é ser criativo e resolver o problema de um cara que quer algo simples", diz Carmelo Queiroz, um dos fundadores do site Logovia, que organiza "disputas" entre projetos de designers por trabalhos.

Nem todos encaram o desafio. "Durante o processo, os clientes acham ótimo, mas no final percebem que não é o que queriam. Desenho de novo e eles não querem pagar a mais, porque não sabem lidar com a área", diz o desenhista Rafael Cerveglieri, 28.

	Karime Xavier/Folhapress
	Marco Grandi ganha R$ 5.000 por mês como autônomo

Ele fatura em média R$ 5.500 com freelances e aulas numa escola de desenho, mas deixou sites especializados. Ele confia em indicações e no portfólio on-line.

O publicitário freelance Marco Tulio Grandi, 26, ganha R$ 5.000 trabalhando de casa, valor 42% maior do que aquele que recebia em agências. Ele também deixou de usar esses portais. "Tem muito concorrente que não é formado e cliente que quer o trabalho de graça", diz.

De acordo com enquete online feita pelo site 99frilas, 55% dos usuários destacaram flexibilidade, 36%, mais rentabilidade e 29%, equilíbrio entre vida pessoal e profissional como motivos que os levaram a se tornar freelancer.

Antonio Neto, presidente do Sindpb (Sindicato dos Programadores do Brasil) critica esse tipo de trabalho. "Há modalidades da CLT que permitem o contrato por prazos menores e preservam os direitos trabalhistas", diz.

Apesar da rejeição de alguns setores, sites de freelance continuam a crescer no país. Em 2012, aportou aqui o Freelancer.com, um dos maiores do tipo no mundo, com 14 milhões de usuários.

Segundo Sebastián Siseles, diretor regional da ferramenta, o Brasil se diferencia de seus vizinhos porque, pela língua e pela moeda relativamente valorizada, tem um mercado fechado. A Argentina costuma "exportar" trabalho para empregadores que falam espanhol.

	Moacyr Lopes Junior/Folhapress
	Rafael Cerveglieri deixou portais para encontrar freelances e hoje confia mais em indicações e no próprio portfólio

VELHA NOVIDADE

Vilma Vilarinho, professora de design digital do Centro Universitário Senac, diz que os problemas enfrentados na rede não são diferentes do que acontece fora da internet. É tarefa do profissional descobrir o que é pedido e explicar possibilidades e custos.

"Deve ficar claro que alterar localização de imagem, cores e tamanho de texto não custa mais, mas produzir material de vídeo, sim."

Um e-mail formalizando o acordo serve como base para um processo legal, caso haja problemas. O documento deve definir a entrega e o pagamento por etapas, assim como os momentos em que o cliente poderá avaliar e interferir no trabalho.

CONHEÇA OS SITES

BUSCAFREELA

Número de anúncios
27 a 68 novos por dia

Cadastrados
35 mil entre profissionais e empregadores

Principais áreas
Desenho, programação, suporte operacional, eventos e jornalismo/texto

99FREELAS

Número de anúncios
13 por dia

Empregadores cadastrados
4.556

Principais áreas
Redação, design, programação, gerenciamento de projetos, tradução, fotografia, vídeo e ilustração

FREELANCER.COM

Número de anúncios
4.300 a 5.000 por dia no mundo

Empregadores cadastrados
2,074 milhões no mundo

Principais áreas
Programação, marketing, design

NEARJOB

Número de anúncios
4 novos por dia

Empregadores cadastrados
1.300

Principais áreas
Administração, design, revisão, programação

LOGOVIA

Número de anúncios
20 novos por dia

Empregadores cadastrados
15 mil

Principais áreas
Design e publicidade

EASY FREELA

Número de trabalhos
100 novos por dia

Empregadores cadastrados
20 mil

Principais áreas
Designers, técnicos de informática, professores, tradutores

GETNINJAS

Número de trabalhos
Não informa

Profissionais cadastrados
75 mil

Principais áreas
Designers e prestadores de serviços em áreas como limpeza, construção e eventos

99DESIGNS

Número de trabalhos
28,8 mil no mundo

Empregadores cadastrados
230 mil no mundo

Principal área
Design

WORKANA

Número de anúncios
116 por dia

Empregadores cadastrados
30 mil

Principais áreas
Tecnologia da informação, design, conteúdo