Crise econômica atrapalha plano de brasileiros de estudar no exterior
FELIPE MAIA
DE EDITOR-ADJUNTO DE "CARREIRAS"
A alta do dólar em relação ao real e o cenário econômico difícil, com o PIB praticamente andando de lado, afetam os planos de brasileiros que planejam estudar no exterior com recursos próprios, e também de instituições de ensino que desejam enviar seus alunos para fora –elas já começaram a fazer ajustes nos programas por causa desses fatores.
De julho do ano passado para agora, o dólar acumula alta de mais de 17%, passando de uma cotação mínima de R$ 2,21 para cerca de R$ 2,60 na semana passada.
Os Estados Unidos são o principal destino de alunos brasileiros de pós-graduação. Quase 30% dos 5.800 bolsistas da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) para pós-graduação no exterior em 2012 estavam nos EUA.
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Como em geral os valores são pagos em dólar, os bolsistas não são muito afetados –a não ser pelo fato de que a bolsa nem sempre é suficiente para cobrir os gastos, o que exige que os alunos "queimem" a própria poupança ou a da família, em reais.
O veterinário Saulo de Tarso Gusmão da Silva, 29, que faz doutorado desde 2012 na Universidade do Sul de Illinois, nos Estados Unidos, diz que a bolsa, de US$ 1.300 mensais, "não condiz com os gastos que a gente tem". "No fim, você praticamente zera o mês no vermelho", afirma.
A situação é outra para quem não tem bolsa. É mais difícil, por exemplo, obter incentivos do governo para estudar negócios no exterior.
"Acredito que vamos passar por dois ou três anos em que vai diminuir o envio de alunos para o exterior na maioria das escolas", afirma Antonio Freitas, pró-reitor da Fundação Getúlio Vargas.
A escola de negócios BBS, de São Paulo, vai enviar alunos para módulos de estudo de quatro semanas na unidade de Luxemburgo da universidade americana Sacred Heart, em vez de mandá-los para os EUA. O motivo: redução de custos. John Schulz, presidente da instituição, calcula que o custo de estudar na Universidade Richmond, tradicional parceira da escola, gira em torno de US$ 12 mil. Em Luxemburgo, o valor se reduz praticamente à metade disso.
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