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25/01/2015 - 02h00

Excesso de jargões no trabalho pode comprometer a comunicação

ANDRÉ CABETTE FÁBIO
DE SÃO PAULO

No torneio de jargões do mundo corporativo, vence quem sai da conversa sem a anotação mental "pesquisar termo x". Mas quem erra na mão e abusa da linguagem de "business" acaba não se expressando com eficiência e ainda ganha a pecha de pedante, na opinião de líderes ouvidos pela reportagem.

"Não só em negócios, em medicina ou direito existe excesso. São linguagens que só os iniciados podem entender. Serve para mostrar poder", diz Anderson Sant'Anna, coordenador do Núcleo de Desenvolvimento de Liderança da Fundação Dom Cabral.

Formado em engenharia mecânica, Fernando Miragaia Peruzzo, 34, conta que seu primeiro choque causado por jargões aconteceu quando passou a trabalhar com marketing para uma multinacional, em 2007.

A palavra da vez era "roadmap", ele lembra. "Aquilo era usado para produtos, viagens, para tudo. Quando entendi que significava 'planejamento', achei engraçado."

Peruzzo diz que, na comunicação entre brasileiros, a enxurrada de termos em inglês como "turnover" (rotatividade), ou "forecast" (previsão) vira "perfumaria".

Editoria de Arte/Folhapress/Editoria de Arte/Folhapress

"Não tem necessidade, mas acabo assimilando e preciso me policiar em conversas com amigos", conta.

Adriana Gomes, coordenadora e professora do ESPM Carreiras, responsável pela pós-graduação na área e a orientação profissional de alunos, compara alguns termos com virais da internet.

"Aquilo vai se alastrando, e as pessoas usam como se fosse a última moda. Hoje, toda consultoria propõe um serviço 'disruptivo' [profundamente inovador] da estrutura organizacional", diz.

Para ela, que também é colunista da Folha, o abuso dos jargões busca impressionar. "Vivemos numa sociedade-vitrine, e quem sabe menos ou desconhece algum termo é percebido como menos culto, menos informado, ou menos 'up-to-date'. No MBA, temos que ter muito cuidado para não incentivar isso", diz.

Em nome do verniz de "know-how", a comunicação corre o risco de ser sacrificada. "Objetividade é uma exigência atual do mercado de trabalho, e isso não vem com clichês e estrangeirismos."

Por outro lado, é natural que quem queira crescer tente se encaixar na cultura da empresa. Resistir sozinho ao uso desses termos pode acabar sendo um mau negócio.

 

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