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25/01/2015 - 02h00

Brasil vive momento de grande oferta de pós e especializações em moda

PEDRO DINIZ
COLUNISTA DA FOLHA

Que tal ser um especialista em perfume, doutor em estilo, imagem pessoal ou luxo?

A oferta de pós e especializações em moda cresce no país, como mostra a diversidade nos nomes do cursos: vai de um simples "direção criativa" até coisas tipo "fashion marketing and communication" (em inglês mesmo).

O Brasil é o país da América Latina com mais opções de formação na área. O MEC lista 95 cursos ligados a luxo e moda, reflexo das quase 200 graduações com foco no setor têxtil oferecidas no país.

A maioria que sai da faculdade de moda em busca de aperfeiçoamento está interessada em gestão.

"O simbolismo das ideias ensinadas em aula deve ser aplicado à realidade da indústria", defende o professor Victor Megido. Diretor do Instituto Europeo di Design, escola italiana reconhecida pelo ensino do design de moda, ele importou um modelo de curso focado em internacionalização e inovação de design para mercado interno.

"Mais de 80 marcas estrangeiras consolidadas entraram no país nos últimos dois anos, o que torna o ensino de marketing para moda fundamental", diz Megido.

As primeiras turmas de Executive Master -curso livre com 18 meses e 144 horas- começam neste semestre na sede paulista do IED com os cursos "luxury management", "calçados e bolsas" e "design de joias".

Luxo também é o foco do MBA ofertado há 12 anos pela Faap, em São Paulo. Segundo Silvio Passarelli, diretor do curso, o especialista em "produtos de valor agregado" está sendo disputado pelas empresas. "Estamos numa época de diferenciação. Luxo não está atrelado ao valor do produto, mas ao efeito que causa no consumidor."

Os fatores que definem um item de luxo são, ensina ele, os materiais usados na confecção, o design, a exclusividade e a tradição da manufatura. "Aqui, tudo isso ainda é recente e só agora deixa de ser tido como supérfluo."

Passarelli cita as áreas de imóveis, joias e gastronomia como os segmentos mais fortes de luxo brasileiro. A moda, diz, passa longe.

"Não temos moda de luxo. Por isso, lançamos na Faap pós em gestão estratégica de moda, focada no negócio."

A utilidade do MBA em luxo não está restrita à indústria. A gaúcha Luciana Stein, que fez o curso da Faap, aplica o que aprendeu no birô de tendências TrendWatching.

Edu Andrade/Folhapress
Luciana Stein, analista de tendências com especialização em mercado de luxo, no escritório em Porto Alegre
Luciana Stein, analista de tendências com especialização em mercado de luxo, no escritório em Porto Alegre

Analista responsável por América Latina e Central, ela diz que o programa a fez entender "aspirações dos consumidores e critérios de mercado no segmento luxo".

"Ajudou a erguer parâmetros para pensar negócios que tratam de excelência e cujo objetivo é ofertar produtos, serviços e experiências e construir reputações de prestígio", diz Stein. "MBA em luxo afina a sensibilidade."

Nem só de consumo trata a formação específica de moda. O estilista brasileiro Mário Queiroz aponta: "Virou moda estudar moda, mas não virou moda aprofundar-se. Há poucos doutores com teses voltadas ao tema".

Queiroz, que se formou em semiótica e, na sua tese, explorou símbolos da masculinidade, é professor convidado de cursos de pós pelo país.

De Florianópolis (SC) sairá o primeiro "Master in Fine Arts" voltado à pesquisa de moda aplicada à indústria. Neste semestre, a Universidade Federal de Santa Catarina lançará a primeira turma.

"A ideia é discutir a relação entre design de moda e construção de marcas. Há uma demanda por consultores, profissionais mais qualificados com bagagem teórica", diz Luiz Salomão Gomez, coordenador do mestrado em design da UFSC.

"É um momento importante essa aproximação da academia com a moda. O Brasil tem capacidade de formar ótimos acadêmicos."

 

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