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01/03/2015 - 01h18

Bom chefe tem que ter inteligência emocional, defende autor

FILIPE OLIVEIRA
DE SÃO PAULO

Para o psicólogo e jornalista norte-americano Daniel Goleman, 69, QI elevado pode ser útil no início da carreira, está mas está longe de significar talento para ser chefe.

Ele reúne no livro "Liderança" (144 págs., R$ 29,90), lançado no Brasil pela editora Objetiva em fevereiro, artigos seus publicados na revista "Harvard Business Review" e em seu blog sobre a inteligência emocional e sua importância para os chefes.

Leia abaixo trechos de entrevista do autor à Folha, por telefone.

Richard Lewis - 3.dez.2008/WireImage/Gettyimages
Psicólogo e autor de best-seller Daniel Goleman dá palestra sobre liderança em Londres
Psicólogo e autor de best-seller Daniel Goleman dá palestra sobre liderança em Londres

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Folha - O que é a inteligência emocional?
Daniel Goleman - A inteligência emocional tem a ver com o modo lidamos com nós mesmos e com nossas relações. E ela que faz a diferença entre um líder realmente eficiente de um líder mediano. A inteligência acadêmica se refere ao quão capaz você é em matemática, por exemplo. Porém, quando você é líder, tem como missão levar os outros a fazerem o trabalho por você. Deve motivar, comunicar. Estas são habilidades que dependem da sua inteligência emocional.

Que habilidades a inteligência emocional inclui?
As bases dela são autoconsciência, incluindo saber quais são seus pontos fortes e limitações, e uma autoconfiança realista. Outra parte importante da inteligência emocional é o autocontrole, que inclui conseguir lidar com o estresse e se recuperar rapidamente, se manter motivado e persistir em seus objetivos. Uma terceira parte é empatia. Entender o que é importante para as outras pessoas, compreender seus sentimentos e se importar com eles. Finalmente há habilidades de relacionamento, como conseguir motivar, persuadir, negociar e trabalhar bem em equipe.

Que problemas a falta de inteligência emocional causa?
Ás vezes pergunto as pessoas qual foi o pior chefe que elas já tiveram. E sempre a descrição indica tudo o que é contrário à inteligência emocional. O chefe sem inteligência emocional é aquele que todos odeiam. Alguém que é arrogante, não ouve, não liga para você, às vezes é desonesto, toma crédito por seu trabalho, crítica você mas nunca reconhece quando fez um bom trabalho. Qualquer um pode completar essa lista.

Como alguém pode saber se tem inteligência emocional?
Se você consegue trabalhar com outras pessoas, é respeitado e influente em um grupo, esses são sinais de quem tem inteligência emocional. Mas você não deve perguntar apenas a si mesmo, temos dificuldades de admitir nossas fraquezas e às vezes não compreendemos bem nem quais são nossos pontos fortes. É preciso buscar feedbacks e opiniões de outros.

É possível desenvolvê-la?
É uma forma diferente de aprendizado. Na escola você aprende novos conceitos que são logo compreendidos, porque se encaixam no conhecimento que você já tem. Mas esse aprendizado está mais próximo do treino de habilidades esportivas. Você deve ter um contrato consigo mesmo, um plano de aprendizado. E deve buscar oportunidades de se aprimorar em todas as ocasiões. Se quiser ser um melhor ouvinte, deve garantir que vai parar tudo o que está fazendo e prestar atenção quando alguém fala com você, sem interrompê-la até ela falar tudo o que tem a dizer. Faça isso o máximo de vezes que puder e entre três a seis meses isso será automático.

No livro, o sr. descreve seis estilos de liderança. Como o chefe escolhe o seu?
O importante é entender os estilos e para que eles podem ser úteis. Se está querendo motivar, dar direções claras o inspirador é o melhor.
Por outro lado, em um momento de emergência o mais adequado pode ser o estilo autoritário, pois você não tem tempo de ouvir o que cada pessoa tem a dizer. O importante é ter familiaridade com cada um deles e saber reconhecer qual o momento de aplicá-los.

Há estilos de liderança usados com mais frequência?
Acredito que isso varia muito de acordo com a empresa, do líder e até da cultura do país. Sei, por exemplo, que na Rússia, pelo contexto econômico, há uma ênfase agora no estilo autoritário. Mas se você usar esse estilo todos os dias as pessoas odiarão você. O importante é ser flexível.

 

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