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14/03/2015 - 01h41

Na era das identidades múltiplas, jovens têm mais de uma carreira

DEBORAH STRANGE
DO "NEW YORK TIMES"

Multiplicar profissões e hobbies está se tornando comum, levando as pessoas a jogar com múltiplas identidades.

Um exemplo é o artista gráfico que trabalha para o Departamento de Polícia de Nova York, onde desenha banners e materiais para coletivas de imprensa. Geralmente usa paletó e gravata, com os cabelos longos presos num rabo de cavalo. Mas um dia, quando foi chamado inesperadamente ao gabinete do comissário de polícia, ele estava de calça cor-de-rosa e com os cabelos soltos. Gleeson estava vestido como seu alter ego, um sósia de Keith Richards.

"Dizem que sou o Keith que tem mais jeito de Keith", Gleeson disse ao jornal "The New York Times" enquanto se preparava para tocar com a banda Stony Rollers, cover dos Rolling Stones.

Gleeson toca a música de Keith Richards há mais de 40 anos. Hoje, na casa dos 50 anos, sua vida não se parece muito com a do Rolling Stone mais famoso -Gleeson está sóbrio há 28 anos e parece conhecer todo mundo do departamento de polícia-, mas ele não pretende abrir mão do que faz na noite.

Para Thomas Tessier, funcionário no setor de admissões na Universidade Stanford, seu segundo emprego, como instrutor de atividade física na academia Barry's Bootcamp, em San Francisco, está sintonizado com outro lado de sua personalidade.

"Stanford é interativa e me possibilita conhecer pessoas, mas lá eu não posso agarrar um microfone, bater os pés e fazer comentários malcriados sobre Britney Spears", disse.

Quando era aluno de uma escola interna, ele dava aulas de lacrosse e cross-country e trabalhava num bar de vinhos. "A pergunta tradicional sobre 'o que você quer fazer quando crescer?' não existe mais", disse Tessier.

Brittany Bronson leciona inglês na Universidade de Nevada, em Las Vegas, mas ganha a vida em parte também como garçonete. Ela escreveu que às vezes sente o estigma de ser uma trabalhadora manual. Mas sua identidade não se resume ao trabalho que faz no restaurante, e o mesmo se aplica a suas colegas no local, que possuem licença para trabalhar como corretoras imobiliárias, têm habilidades artísticas, fazem projetos como freelancers e têm família própria.

"Se meus alunos conseguirem imaginar a possibilidade de que optar por trabalhar com as mãos não os impede automaticamente de ser pessoas que examinam criticamente o mundo que os cerca, vou sentir que terei feito algo que vale a pena", escreveu.

Para a artista visual Mariam Ghani, em Nova York, sua identidade abrange múltiplas culturas. Sua mãe é libanesa, e seu pai é Ashraf Ghani, o presidente do Afeganistão. Em fevereiro, Mariam inaugurou a exposição "Like Water From a Stone" [como água de uma pedra], que explora seu mundo diversificado. Ela colaborou com um trabalho com seu pai para examinar a história do Afeganistão como um ciclo: reforma, revolta, colapso, recuperação.

"Como a maioria de nós, Mariam é muitas coisas ao mesmo tempo", disse Ramzi Kassem, professor da City University de Nova York que já trabalhou com Ghani. "Este projeto visa ser muitas coisas ao longo do tempo: uma videoinstalação, uma dimensão de arquivamento, um componente de rádio e uma instalação de arte."

Ghani deu aulas em Cabul e filmou um curta-metragem na Noruega. Ela fala sete idiomas. "Cresci entre culturas diferentes, e é a partir dessa posição que trabalho como artista", disse. "Acho que o lugar com que eu mais me identifico é a fronteira."

 

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