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31/03/2015 - 12h13

Biografias de Jobs mostram por que listas com dicas de liderança não funcionam

DO "FINANCIAL TIMES"

Tim Cook, atual presidente da Apple, disse em entrevista ao site "Fast Company" que a biografia "Becoming Steve Jobs" (Tornando-se Steve Jobs, em tradução livre) traz um retrato mais verdadeiro do fundador de Apple do que a biografia autorizada lançada em 2011 por Walter Isaacson (no Brasil, "Steve Jobs - A Biografia" tem edição da Companhia das Letras).

Mas a batalha das biografias vai ter valido a pena se criar o pior dos "memes" de negócios: a lista com dicas de liderança.

Monica M. Davey/Efe
Tim Cook (à esq.) e Steve Jobs, na sede da Apple em 2007
Tim Cook (à esq.) e Steve Jobs, na sede da Apple em 2007

No curto prazo, o novo livro, escrito por Brent Schlender e Rick Tetzeli e ainda não publicado no Brasil, reforçou esse hábito. Você não precisa procurar muito para encontrar Cinco Ideias Surpreendentes sobre o Estilo de Gestão de Steve Jobs, publicado no site da "Fast Company", ou Seis Lições de Liderança (no site "Mashable") e Oito Lições que Você Pode Aprender Assistindo ao Jovem Steve Jobs Fazendo uma Reunião (revista "Time"), todos extraídos do novo livro.

A biografia escrita por Isaacson também culminou nos artigos Dez Dicas de Liderança de Steve Jobs ("Forbes"), Seis Lições de Negócios ("Globe and Mail"), e 14 lições Verdadeiras de Liderança, escrito pelo biógrafo, que tentou emplacar o gênero com uma lista na revista "Harvard Business Review" em 2012.

As biografias de Jobs realçam o risco de ser dependente de listas de liderança. Veja o por que agora -em forma de lista, é claro:

1. Listas de liderança podem ser absurdas ao ponto da futilidade. As biografias dão a seus autores espaço para lidar com cada peculiaridade de seus objetos e dá aos leitores a opção de tirar as conclusões que mais se adequam à situação.

Listas fazem o oposto. Uma coleção recente de lições do seriado House of Cards foi suficientemente inexpressiva. Mas suas ideias têm o peso de estudos acadêmicos que comparados com as lições de liderança de Cinquenta Tons de Cinza ou James Bond (exemplos reais). Seria bom se isso fosse apenas engraçadinho, o que é em geral, mas ao mesmo tempo...

2. ...Listas colocam a liderança em uma parcela enganosamente limpa. A morte do fundador da Apple levou uma vida notável a um fim prematuro. Como o escritor Jim Collins disse ao autor de Becoming Steve Jobs, sua fase dos 55 aos 75 anos "teria sido fascinante... Mas nós não pudemos ver isso".

Na verdade as heranças dos líderes, más ou boas, sobrevivem a suas partidas. Como Collins acrescenta, os elementos que fazem uma ótima empresa são resultados financeiros superiores, impacto nítido e resistência duradoura. "Se a Apple tem uma resistência duradoura é o último sinal, mas é algo que não saberemos tão cedo", ele diz.

3. As lições aprendidas de um líder frequentemente dependem do aluno. Uma das diferenças mais óbvias entre o livro de Isaacsone e a nova biografia é que os autores enfatizam a evolução do homem do jovem Jobs 1.0, que conseguiu reconhecimento por suas habilidades, mas foi "atrapalhado pelos altos e baixos de chefiar uma empresa", ao Jobs 2.0.

Em sua segunda tentativa de conduzir a Apple, os autores sugerem, Jobs tinha se tornado um "visionário eficaz" e um "gênio dos negócios" genuíno. Seus colegas gostaram de seu lado mais maduro e suave. Isaacson, dando a Jobs o mesmo status de Henry Ford ou Thomas Edison, encontrou muitas pessoas dispostas a afirmar que ele era "carismático e inspirador, mas também... um idiota".

4. O modelo frequentemente dita a solidez das listas. Na busca de concisão, lições com mais nuances podem ser omitidas, ou...

5. ...o último item em qualquer lista pode ser esticado para seguir a regra implícita de que qualquer lista deve ter ao menos cinco componentes.

Há executivos que afirmam lerem as vidas de grandes homens e mulheres ao invés de livros de negócios com listas. É uma escolha sábia mas ainda é preciso cuidado. A razão final pela qual pode ser perigoso estudar listas de ideias é que algumas lições são faíscas irrepetíveis de gênios, ditas por líderes únicos.

Ao invés de tentar imitar Jobs, ouça Bill Gates. Ele disse a Schlender e Tetzeli que Jobs era um caso único. "Talvez vocês devessem chamar esse livro de 'Não tente isso em casa'", ele diz. Essa é a melhor lição de liderança das duas biografias.

 

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