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05/04/2015 - 01h00

É infeliz no trabalho? Saiba o que pode ajudar a encontrar satisfação profissional

ANA MAGALHÃES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

São poucos os que se sentem realmente felizes com sua vida profissional. Pesquisa realizada pela Isma Brasil (International Stress Management Association) no ano passado revela que 72% dos entrevistados estão insatisfeitos com o trabalho.

Se pudesse contemplar esse percentual, o psicanalista Sigmund Freud, autor de "O Mal-Estar na Civilização", não se surpreenderia, já que, para ele, "a grande maioria das pessoas só trabalha sob pressão da necessidade".

Estudiosos da psicologia positiva (vertente que estuda a felicidade em vez dos traumas e das doenças mentais), porém, têm outra visão.

Para eles, a felicidade tem mais a ver com uma visão de mundo do que com um objetivo a ser alcançado. Ou seja, se você olhar para os eventos cotidianos com mais otimismo, será mais feliz -no trabalho e na vida.

Shawn Achor, psicólogo que trabalhou em Harvard durante 20 anos, vem mostrando com pesquisas empíricas que pessoas que veem a "metade cheia do copo" são não apenas mais felizes, mas mais produtivas e têm mais chances de serem bem-sucedidas do que colegas reclamões e estressados.

Achor afirma que você pode treinar o cérebro a ser positivo da mesma maneira que treina os músculos.

Moacyr Lopes Junior/Folhapress
Carolina Genovesi Gomes, 29, adotou o hábito de agradecer diariamente
Carolina Genovesi Gomes, 29, adotou o hábito de agradecer diariamente

Ele sugere cinco atividades: meditar, fazer exercícios, agradecer diariamente, fazer coisas boas gratuitamente e manter um diário de experiências positivas.

Em 2008, o psicólogo pesquisou um grupo de auditores fiscais e propôs que eles escolhessem uma dessas atividades para praticar durante um período de 21 dias.

Quatro meses depois, o índice de bem-estar foi de 27,23 (em uma escala de 35 pontos), ante 22,96 antes do treinamento (aumento de 12,2%). Para ele, um sinal de que a felicidade virou hábito.

A presidente da Isma Brasil, Ana Maria Rossi, explica que a infelicidade dos brasileiros no trabalho tem relação com falta de reconhecimento (89%), excesso de tarefas (78%) e problemas de relacionamento (63%).

No entanto, ela observa que as pessoas costumam focar no que elas não têm e não gostam. "À medida que você se posiciona sempre de maneira negativa, você cria uma trilha neurológica de falta de satisfação e de infelicidade".

SER FELIZ VIROU NEGÓCIO

A Acesso Digital começou, no ano passado, a fazer um treinamento baseado na psicologia positiva e propôs a 60 de seus funcionários que fizessem o exercício sugerido por Achor.

A relações públicas Carolina Genovesi Gomes, 29, gostou tanto do treinamento que manteve o hábito de agradecer diariamente. E defende: isso lhe dá leveza na vida, mesmo em situações tristes.

"Quando fazemos esse exercício, nos tornamos protagonistas da própria vida. Não deixamos a nossa felicidade depender dos outros, pois ela depende de como encaramos o dia a dia", afirma.

Há dez anos, Paulo Maurício Mello, 57, era um dos insatisfeitos com o trabalho, mesmo sendo um executivo bem-sucedido.

Ele trabalhava em uma empresa de telecomunicação e ficava chateado com a "falta de ética e a corrupção". Abriu sua própria empresa, mas seguia infeliz.

Aos 38 anos, ele tomava comprimidos e meia garrafa de uísque por dia. Foi quando seu corpo reclamou. "Fui um dia levantar da cama e não consegui, minhas pernas não se mexiam".

Karime Xavier/Folhapress
Após sofrer depressão, Paulo Maurício Mello criou consultoria de felicidade no trabalho
Após sofrer depressão, Paulo Maurício Mello criou consultoria de felicidade no trabalho

Ficou dez meses de cama, em depressão profunda, e buscou terapia para saber a origem da sua insatisfação.

Depois do tratamento, Mello tornou-se sócio de uma empresa de informática e, paralelamente, atendia seus amigos e colegas em um coaching informal.

Em 2005, decidiu que ia investir no aconselhamento. Desenvolveu um método próprio de coaching, começou a dar palestras e abriu uma empresa: o Núcleo Pluri, que integra terapia, coaching e tratamentos de saúde.

"As pessoas sempre tentam achar um culpado para seus problemas. Ajudo a fazer com que elas aceitem suas imperfeições. Fazemos escolhas diárias, como se aborrecer ou não com um determinado evento", diz Mello.

AMBIENTE FELIZ

O ambiente também é crucial para a realização profissional. Ter amigos no escritório e trabalhar em um local amigável e afetuoso aumentam os níveis de satisfação no trabalho.

Estudo desenvolvido pelas professoras de administração Sigal Barsade e Mandy O'Neill em sete indústrias constata que uma cultura empresarial onde há o que chamam de amor companheiro gera mais satisfação no trabalho e dedicação à empresa.

Este tipo de ambiente, onde os colegas demonstram sentimentos de afeição, compaixão, carinho e ternura, precisa ser promovido inicialmente pelos líderes, defendem. Com o tempo, essa cultura se dissemina naturalmente.

Para Marcel Spadoto, sócio da Opportunity Consulting, no mundo corporativo, a regra geral é do individualismo: cada um tenta fazer a sua parte e alcançar suas metas.

"As empresas pregam que cada funcionário tem que ser mais produtivo do que o outro. Mais produtivo será unir metas na equipe e colocá-los para trabalhar de maneira colaborativa, como em um time de futebol", diz Spadoto.

Mesmo o cético Freud contempla, em uma nota de rodapé de sua obra, a possibilidade de se encontrar satisfação profissional "se [o trabalho] for livremente escolhido".

Editoria de Arte
 

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