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12/04/2015 - 02h00

Voltar para a empresa tem vantagens, mas exige adaptar expectativas

FERNANDA PERRIN
DE SÃO PAULO

A coach Ana Paula Aquilino, 53, estava há dois anos no Grupo Kronberg quando a empresa foi atingida pela crise de 2008 e precisou demitir dois terços do quadro de funcionários, incluindo ela.

Aquilino, contudo, continuou no radar da empresa. Quando a situação melhorou, ela foi a primeira a ser recontratada. O reencontro, contudo, durou pouco.

Karime Xavier/Folhapress
Ana Paula Aquilino, 53, recontratada duas vezes
Ana Paula Aquilino, 53, recontratada duas vezes

A empresa ainda operava com pessoal reduzido e a cobrança de trabalhar no fim de semana, além de viagens frequentes, geraram problemas em casa para a funcionária.

Aquilino então pediu demissão. "Eu falei 'eu vou sair porque não dou conta' [do trabalho]", diz.

O segundo desligamento também foi curto -apenas um mês. A empresa que a contratou queria que a coach ensinasse a metodologia do grupo, o que ela considerou desonesto. Ela se demitiu e informou a Kronberg o ocorrido. Foi quando eles a recontrataram pela segunda vez.

"Para nós importa muito mais o que as pessoas são e a maneira como elas fazem [o trabalho] do que outros aspectos. Um currículo bonito é só um currículo bonito", diz Ariadne Pavanelle, executiva do Grupo Kronberg.

A recontratação de ex-funcionários pode ser benéfica para ambos os lados. Ganha o profissional, porque tem seu valor reconhecido, e a empresa, ao empregar alguém já familiarizado com a cultura e estrutura locais.

Alguns cuidados, contudo, são necessários. Situações como mudanças na companhia durante o desligamento ou relacionamento com os ex-colegas podem ser problemas, dependendo da postura com que a pessoa volta.

"[O profissional] não deve se deixar enganar que vai voltar para o mesmo capítulo em que parou. Ele vai ter o desafio de fazer uma releitura do ambiente", diz Karina Freitas, da empresa de recrutamento Stato.

"Eu tinha muita ansiedade em voltar para a empresa", diz Patrícia Checco, 43, que se perguntava se os colegas a veriam como derrotada.

Ela estava há nove anos no grupo O Boticário quando decidiu aceitar a proposta feita por uma rede de farmácias paranaense. A experiência não deu certo e Checco ficou desempregada.
Depois de um ano afastada, o grupo O Boticário a convidou para voltar.

Theo Marques/Folhapress
Patricia Checco foi recontratada pelo grupo O Boticário cerca de um ano após ter aceitado proposta de outra empresa
Patricia Checco foi recontratada pelo grupo O Boticário cerca de um ano após ter aceitado proposta de outra empresa

"Quando ficamos muito tempo em uma empresa, nós ficamos mimados. É bom sair e ver outra realidade. Você volta para a empresa com uma outra visão, valoriza mais", avalia.

Valorização do profissional e confiança da empresa são elementos fundamentais para uma recontratação. Por isso, o momento do desligamento é o mais delicado.

É importante mostrar que a decisão de sair está tomada, dizem especialistas, e jamais usar a proposta externa como uma forma de pedir um aumento ou uma promoção.

"Não barganhe sua saída. Tentar valorizar seu passe [faz com que] você se queime para empresa", aconselha Freitas, da Stato.

Quem pede demissão, diz a especialista, deve ser transparente ao explicar os motivos da saída e mostrar-se determinado na decisão.

Uma vez fora, é importante cultivar contatos. Almoçar com ex-colegas é um meio de manter a porta aberta para sondar a situação da empresa e saber se um retorno é viável, diz Irene Azevedo, da consultoria LHH.
expectativas

Com a confiança vêm expectativas. "Você não pode ser ingênuo e tem que se resguardar. Existe aquela situação 'você optou por sair' e a expectativa é relativamente alta com a sua performance", diz o engenheiro Marcio Rigato, 43, que trabalha na GE.

Danilo Verpa/Folhapress
Márcio saiu da GE quando seu projeto na empresa foi suspenso, mas retornou para uma nova posição
Márcio saiu da GE quando seu projeto na empresa foi suspenso, mas retornou para uma nova posição

Rigato coordenava um projeto da empresa no Brasil mas, quando o plano foi suspenso, ele sentiu que suas funções tornaram-se "pouco desafiadoras".

Ele fez um acordo com a empresa para sair, mas mantendo contato caso surgissem novas oportunidades -o que aconteceu sete meses depois.

"Algumas corporações te marcam se você sair, porque entendem que você não gostou delas", diz.

Para Azevedo, da LHH, o profissional que retorna pode ter a sensação de ser mais cobrado mas, da parte das empresas, as expectativas são as mesmas que as nutridas por um novo funcionário.

"Ele deve se sentir muito bem porque sair e ser convidado a voltar é muito bom. Ganha a organização em tempo de assimilação e o funcionário, que se sente prestigiado", afirma Azevedo.

Editoria de Arte
 

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