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03/05/2015 - 02h00

Com dólar em alta, brasileiros buscam novos destinos para estudar inglês

FILIPE OLIVEIRA
DE SÃO PAULO

A valorização do dólar deste início de ano tem levado interessados em estudar no exterior a deixar Nova York e Boston de lado por destinos que caibam melhor no bolso.

Na agência CI Intercâmbios, 39% das viagens para estudo de idiomas vendidas entre janeiro e março de 2014 eram para os Estados Unidos. Nos primeiros três meses deste ano, o país foi a preferência de apenas 25% deles.

Por outro lado, o vizinho Canadá viu sua participação nas escolhas dos alunos saltar de 17% para 39% do total das viagens no período.

Os estudantes também passaram a olhar mais para a Irlanda (de 3% para 6% no período) e para cidades na Oceania (3% para 5%).

A tendência é confirmada por Márcia Mattos, gerente de cursos de idioma da agência STB. A procura dos alunos por cursos nos EUA e no Reino Unido crescia a taxas de 30% ao ano até que, nos primeiros meses de 2015, passou para 10%. Já Irlanda e Canadá dobraram suas vendas.

Segundo Marcelo Albuquerque, diretor da Belta (a associação das agências de intercâmbio), profissionais decididos a estudar fora não desistem da viagem só por conta do real menos valorizado, mas fazem as contas para viabilizar seu plano.

"Como o intercâmbio proporciona uma vivência internacional, algo reconhecido pelas empresas e pelos head-hunters, os profissionais entendem que é um investimento em educação necessário."

Para conseguir viajar, o cliente busca alternativas, como destinos mais baratos, países que permitem ao estudante também trabalhem e estadias mais curtas.

SEM FRUSTRAÇÃO

O zootécnico Ronaldo Silva, 34, sonhava em passar um mês em Nova York para aprimorar seu inglês. Acabou embarcando na última sexta-feira (1º) para Toronto (Canadá).

Ernesto Rodrigues/Folhapress
Ronaldo Silva, 34, zootecnista, em sua casa, em São Paulo
Ronaldo Silva, 34, zootecnista, em sua casa, em São Paulo

Ele conta que começou a buscar agências de intercâmbio em outubro do ano passado, quando o dólar começou a subir, e os R$ 15 mil que planejava juntar em sua poupança para a viagem ficaram insuficientes.

"Meu curso no Canadá, com passagem e hospedagem, custou a mesma coisa que pagaria só de aulas nos EUA", explica.

Segundo Silva, não houve frustração na troca. Como o Canadá faz fronteira com os EUA, ele deve aproveitar para também visitar o país, diz.

TRABALHO

Quem também optou por trocar o destino foi a relações públicas Vitória Batan, 24.

Ela conta que escolheu a Irlanda por ser um país mais barato do que os EUA e por permitir que o jovem trabalhe mesmo que só tenha visto de estudante.

Batan está disposta a passar boa parte do seu tempo na cidade de Cork, atrás de um balcão de pub, a partir do segundo semestre deste ano. O bico vai ajudá-la a bancar uma viagem mais longa garantindo assim uma experiência profissional internacional para seu currículo.

"Tenho inglês intermediário, mas chegando lá posso descobrir que ele é mais básico. Então talvez consiga apenas subempregos no começo. Mas quero entrar na minha área fora do país."

Fernanda Zocchio Semeone, da rede de intercâmbios Experimento, diz que viagens mais longas, de mais de 12 semanas, principalmente combinadas com trabalho no país de destino, têm sido uma das alternativas mais procuradas.

Samuel Costa/Folhapress
Vitória Batan, 24, na agência de publicidade onde trabalha, em São Paulo
Vitória Batan, 24, na agência de publicidade onde trabalha, em São Paulo

Como em pacotes de turismo tradicional, quanto mais longa a viagem, maior o poder de barganha por descontos -seja no preço das aulas ou na diária de acomodação.

"As vendas de cursos de idiomas cresceram neste ano, com exceção dos de curta duração [até três semanas]."

FAÇA AS CONTAS

Para quem não está disposto a desistir de estudar em solo americano, há esperança.

A queda nos preços das passagens aéreas, motivadas pela baixa na demanda pelos voos, ameniza o efeito da alta do dólar quando se avalia o custo total do pacote.

Em levantamento feito pela Experimento, uma viagem de ida e volta para Boston (EUA), que custava R$ 3.255 em abril de 2014, era vendida por R$ 2.437 no mesmo mês deste ano.

Outra alternativa para fazer a estadia em países com alto custo de vida caber no orçamento é buscar cidades menos conhecidas, mas próximas a grandes centros.

A estudante de jornalismo e apaixonada pela cultura inglesa Bruna Fittipaldi, 21, não pôde ficar em Londres, cidade com a qual sonhava, mas conseguiu escola e hospedagem a 1h30 de lá.

Ela, que mora no Recife, embarca em julho para passar as férias em Brighton, onde a conta do curso de um mês mais a hospedagem saiu por R$ 6.000. Na capital inglesa, chegaria a R$ 9.000.

"No começo, fiquei de cara fechada com a troca. Mas, depois, todos falaram que tinha feito a escolha certa, por ser uma cidade de praia muito boa."

Editoria de Arte/Folhapress
 

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