Altos salários na área de tecnologia incitam mudanças de carreira
STEVE LOHR
DO "THE NEW YORK TIMES"
Depois de se formar na faculdade, com especialização em matemática, Paul Minton trabalhou como garçom. Porém, ele sempre achou que deveria fazer algo a mais.
Então, o jovem de 26 anos fez um curso de três meses em programação de computador e análise de dados. Como garçom, ele ganhava US$ 20 mil por ano. Já no ano passado, como cientista de dados em uma start-up, seu salário anual ultrapassou US$ 100 mil. "Seis dígitos desde o começo", disse Minton. "Para mim foi uma surpresa."
Matt Edge/The New York Times | ||
Paul Minton trocou seu trabalho de garçom por um cargo de cientista de dados e tem um salário anual de US$ 100 mil |
O fluxo de dinheiro em tecnologia está indo além dos investidores e empresários, chegando à força de trabalho digital de modo geral, especialmente os que sabem escrever código moderno, a linguagem do mundo digital.
Empresas de quase todos os setores estão seguindo algum tipo de plano digital. "São pessoas capacitadas e ambiciosas, que buscam uma rampa de acesso à indústria tecnológica", disse Jim Deters, executivo-chefe da Galvanize, a escola que Minton frequentou.
Resta ver se o acesso se mostrará um caminho duradouro para altos salários e trabalho estimulante. Os ciclos entre ascensão e estouro no setor tecnológico podem ser desanimadores, como a última recessão no início dos anos 2000 depois da explosão da bolha das pontocom.
O site de empregos Glassdoor lista mais de 7.300 vagas para engenheiros de software, acima de vagas para enfermeiros, que estão em falta cronicamente. Para a categoria de cientistas de dados, há mais de 1.200 empregos vagos. Nos Estados Unidos, o salário básico médio anual para engenheiros de software é de US$ 100 mil; para cientistas de dados, US$ 112 mil.
Em março, a Casa Branca anunciou uma iniciativa chamada TechHire com o objetivo de coordenar os esforços do governo federal com municípios, corporações e escolas para treinar trabalhadores para as vagas existentes no setor.
O governo Obama indica escolas de programação como Galvanize, Flatiron e Hack Reactor, que oferecem cursos acelerados em técnicas digitais, como um modo de "rapidamente treinar trabalhadores para empregos bem remunerados".
O estudante típico "tem 29 anos e gosta de mudar de carreira", disse Liz Eggleston, da Course Report, que acompanha essas escolas.
Uma maneira de preencher as vagas seria atrair mais mulheres. Em 2013, só 18% dos formandos em ciência da computação em universidades americanas de quatro anos eram mulheres. Em comparação, 35% dos estudantes em escolas especializadas em programação são mulheres.
A duração média dos cursos entre as escolas é de menos de 11 semanas, e o custo, de US$ 11 mil. O curso de programação para web de 24 semanas da Galvanize está entre os mais caros, US$ 21 mil.
Matt Edge/The New York Times | ||
Savannah Worth, desenvolvedora da de software da IBM, na Galvanize, escola em que estudou |
Savannah Worth, 22, completou o curso da Galvanize e foi contratada pela IBM como desenvolvedora de software em San Francisco. Ela ganha US$ 100 mil anuais.
Os empregadores estão recrutando para fins imediatos, mas com o futuro em mente. "O que contratamos é a capacidade de aprender", disse Rachel Reinitz, uma engenheira graduada da IBM e chefe de Worth. "A tecnologia muda muito depressa."
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