Publicidade
15/11/2015 - 01h00

Novo perfil de executivo deve saber trabalhar a distância e sem hierarquia

BRUNO VIEIRA FEIJÓ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Há grandes transformações em curso no mercado. Até 2020 as gerações Y e Z (compostas por nativos da internet na faixa entre 15 e 25 anos) vão ocupar mais da metade da força de trabalho nos países desenvolvidos.

Em duas décadas, 30% dos cargos de presidência nas maiores empresas do mundo serão ocupados por mulheres —hoje, o índice é de 5%. A cada ano, a adoção do trabalho a distância aumenta 70%, substituindo a tradição de bater ponto no escritório.

Esses são só alguns exemplos de mudanças que demandam um novo leque de competências profissionais, sobretudo do alto escalão.

Bruno Santos/Folhapress
Márcio Fernandes, presidente da Elektro, durante uma reunião na sede da empresa em Campinas, no interior de São Paulo
Márcio Fernandes, presidente da Elektro, durante uma reunião na sede da empresa em Campinas, no interior de São Paulo

O velho ditado "manda quem pode e obedece quem tem juízo" está ultrapassado.

"Hoje há mais gente preparada nas empresas, com condições de questionar a chefia e vontade de ser ouvida", diz João Márcio, diretor da consultoria Talenses.

Nesse contexto, inteligência social e emocional —a capacidade de se relacionar com pessoas de diferentes áreas, hierarquias e culturas— deve se tornar tão ou mais valorizada do que conhecimento técnico.

O presidente do futuro será acessível, comunicativo e atuará como facilitador do trabalho dos funcionários, estreitando a relação que antes era hierárquica, de acordo com pesquisa da CT Partners, firma global de recrutamento de executivos, que ouviu profissionais de 24 países.

Entre as qualidades mais procuradas está a de saber se comunicar. "Para engajar a equipe, os presidentes terão de se transformar em contadores de histórias", diz Arthur Vasconcelos, diretor da CT Partners no Brasil.
"As gerações passadas concluíam seu trabalho pela sensação de dever cumprido. Mas a geração Z e os milleniums querem saber o propósito da tarefa que lhe foi designada, a relevância, a complexidade e o significado."

Para Vasconcelos, não se trata só de mimar os jovens com atenção exacerbada. Feedbacks periódicos dão mais transparência e agilidade aos negócios. "Conectados, esses jovens chegam às empresas esperando ambiente semelhante ao seu dia a dia: aberto, veloz e global."

Ao assumir a presidência da Elektro, distribuidora de energia com sede em Campinas, em 2011, uma das primeiras medidas do administrador Marcio Fernandes, 39, foi criar a Conecta, rede social interna em que pessoas de diversas áreas trocam ideias, expõem projetos e interagem.

Cada gerência tem sua página, na qual posta dicas de eventos e lições aprendidas com base nos projetos implantados pela companhia, além de falar sobre os conhecimentos necessários para atuar no setor e descrever cargos, salários e funções.

"Todos os 4.000 funcionários podem acessar qualquer uma das páginas e se candidatar aos comitês e vagas abertas em outros departamentos", explica Fernandes.

"Com o Conecta, nossos profissionais passaram a questionar tudo o que pode ser melhorado na empresa."

Certa vez, um funcionário sugeriu que, no momento de admitir um colaborador, a equipe toda pudesse avaliar os candidatos. A sugestão foi implementada. Hoje os pares e futuros subordinados também têm voz na contratação.

Na Elektro, a comunicação transparente ajudou a reduzir custos operacionais em 30% e elevou em 15% o padrão de qualidade dos serviços nos dois anos seguintes à inauguração da rede.

 

Publicidade

 
Busca

Encontre vagas




pesquisa
Edição impressa

Publicidade

 

Publicidade

 

Publicidade
Publicidade

Publicidade


Pixel tag