Novo perfil de executivo deve saber trabalhar a distância e sem hierarquia
BRUNO VIEIRA FEIJÓ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Há grandes transformações em curso no mercado. Até 2020 as gerações Y e Z (compostas por nativos da internet na faixa entre 15 e 25 anos) vão ocupar mais da metade da força de trabalho nos países desenvolvidos.
Em duas décadas, 30% dos cargos de presidência nas maiores empresas do mundo serão ocupados por mulheres —hoje, o índice é de 5%. A cada ano, a adoção do trabalho a distância aumenta 70%, substituindo a tradição de bater ponto no escritório.
Esses são só alguns exemplos de mudanças que demandam um novo leque de competências profissionais, sobretudo do alto escalão.
Bruno Santos/Folhapress | ||
Márcio Fernandes, presidente da Elektro, durante uma reunião na sede da empresa em Campinas, no interior de São Paulo |
O velho ditado "manda quem pode e obedece quem tem juízo" está ultrapassado.
"Hoje há mais gente preparada nas empresas, com condições de questionar a chefia e vontade de ser ouvida", diz João Márcio, diretor da consultoria Talenses.
Nesse contexto, inteligência social e emocional —a capacidade de se relacionar com pessoas de diferentes áreas, hierarquias e culturas— deve se tornar tão ou mais valorizada do que conhecimento técnico.
O presidente do futuro será acessível, comunicativo e atuará como facilitador do trabalho dos funcionários, estreitando a relação que antes era hierárquica, de acordo com pesquisa da CT Partners, firma global de recrutamento de executivos, que ouviu profissionais de 24 países.
Entre as qualidades mais procuradas está a de saber se comunicar. "Para engajar a equipe, os presidentes terão de se transformar em contadores de histórias", diz Arthur Vasconcelos, diretor da CT Partners no Brasil.
"As gerações passadas concluíam seu trabalho pela sensação de dever cumprido. Mas a geração Z e os milleniums querem saber o propósito da tarefa que lhe foi designada, a relevância, a complexidade e o significado."
Para Vasconcelos, não se trata só de mimar os jovens com atenção exacerbada. Feedbacks periódicos dão mais transparência e agilidade aos negócios. "Conectados, esses jovens chegam às empresas esperando ambiente semelhante ao seu dia a dia: aberto, veloz e global."
Ao assumir a presidência da Elektro, distribuidora de energia com sede em Campinas, em 2011, uma das primeiras medidas do administrador Marcio Fernandes, 39, foi criar a Conecta, rede social interna em que pessoas de diversas áreas trocam ideias, expõem projetos e interagem.
Cada gerência tem sua página, na qual posta dicas de eventos e lições aprendidas com base nos projetos implantados pela companhia, além de falar sobre os conhecimentos necessários para atuar no setor e descrever cargos, salários e funções.
"Todos os 4.000 funcionários podem acessar qualquer uma das páginas e se candidatar aos comitês e vagas abertas em outros departamentos", explica Fernandes.
"Com o Conecta, nossos profissionais passaram a questionar tudo o que pode ser melhorado na empresa."
Certa vez, um funcionário sugeriu que, no momento de admitir um colaborador, a equipe toda pudesse avaliar os candidatos. A sugestão foi implementada. Hoje os pares e futuros subordinados também têm voz na contratação.
Na Elektro, a comunicação transparente ajudou a reduzir custos operacionais em 30% e elevou em 15% o padrão de qualidade dos serviços nos dois anos seguintes à inauguração da rede.
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