Chefe que depende de prazo e estrutura perde a vez
BRUNO VIEIRA FEIJÓ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
É claro que não basta ao líder do futuro ser bom de discurso. Se não entregar resultados logo nos primeiros meses, o CEO é demitido.
"Empresas não suportam mais executivos que exigem tempo e estruturas grandes e caras para mostrar a que vieram", diz Arthur Vasconcelos, diretor da firma de recrutamento CT Partners.
Outra nova competência requisitada pelas companhias é a capacidade de executar ações imediatas e ao mesmo tempo vislumbrar o futuro da operação. "Isso é muito importante em um ambiente digitalizado, que muda o tempo todo", diz João Márcio, diretor da consultoria em RH Talenses.
PLANOS MAIS CURTOS
Mesmo em setores que demandam planejamento complexo, a tendência é trabalhar com horizontes cada vez mais curtos. "Estamos estabelecendo planos de 90, 100 dias, unindo a visão de longo prazo com a possibilidade de mudar de rota rapidamente", atesta Ronaldo Ramos, presidente da Rio Tinto Alcan no Brasil, uma das maiores mineradoras do mundo.
Um grande desafio para os futuros líderes será a forma de envolver e inspirar pessoas de culturas distintas. A empresa americana Zandesk, por exemplo, desenvolve softwares de atendimento automatizado ao cliente e tem em torno de mil funcionários. No entanto, a maioria está espalhada por 140 países, trabalhando a distância.
As equipes tocam projetos colaborativos usando e-mails, aplicativos, chat-rooms, rede social interna e Skype.
Esse será um cenário mais comum, independentemente do porte da empresa.
"Em geral estou on-line interagindo com funcionários de ao menos três nacionalidades ao mesmo tempo", diz Clayton da Silva, diretor da Zendesk para o Brasil. "Uso a experiência de ter morado 15 anos em diferentes países para formar times, cobrar resultados e dar feedbacks a pessoas que nunca estiveram fisicamente comigo."
Gestores que só viveram e trabalharam na mesma cidade e no mesmo país terão dificuldade para assimilar a etiqueta, as motivações e os desafios da mão de obra global, acredita Carlos Guilherme Nosé, CEO da Asap, consultoria que seleciona executivos para grandes empresas.
SENSAÇÃO ESTRANGEIRA
O especialista recomenda que o aspirante a executivo crie oportunidades de vivência no exterior, como estágios, intercâmbios e ao menos duas experiências substanciais em ambientes corporativos, para ir além da impressão superficial sobre um país. "Quanto mais estrangeira a pessoa se sente, maior sua sensibilidade aos valores que importam."
LÍDER TRADICIONAL
– Revisa a performance dos funcionários uma vez por ano, como manda a política de RH
– Ocupa o expediente apagando incêndios e buscando sintomas de problemas
– Entrega soluções já decididas por ele mesmo para seus subordinados executarem
– Mantém segredo sobre determinadas informações não confidenciais da empresa
– Demonstra poder ao usar frequentemente sua posição de autoridade
– Cria novos processos e organogramas para controlar as tarefas
LÍDER COLABORATIVO
– Promove constantes feedbacks e sessões de aconselhamento pessoal
– Procura descobrir as verdadeiras causas dos problemas que afligem a equipe
– Em cada projeto, realiza sessões coletivas de brainstorm para escolher as melhores ideias
– Abre planilhas e compartilha a situação do negócio com os funcionários
– Demonstra força ao manter sua equipe unida em prol dos mesmos objetivos
– Provê autonomia de execução e cobra por resultados alcançados
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