Maioria dos presidentes-executivos vêm do setor operacional, diz estudo
Adriana Fonseca
Colaboração para a Folha
O caminho para um jovem executivo chegar ao topo da hierarquia corporativa passa pela área de operações e negócios. É o que indica o levantamento da consultoria Hay Group sobre a origem dos CEOs, obtido com exclusividade pela Folha.
O estudo, que analisou a trajetória de 238 presidentes de empresas, mostra que a maioria (57%) dos que foram promovidos ao cargo trabalhava antes no setor de operações ou na liderança de unidade de negócios.
Em seguida, ficam a área industrial, com 14%, e o setor financeiro, com 11% (veja mais abaixo).
"Atuar em uma unidade de negócio é um ótimo teste para o executivo", diz Fabrizio Forti, 27, consultor do Hay Group. "É um cargo que permite atuar com toda a cadeia produtiva, desde a compra de suprimentos e matéria-prima, produção até a sua comercialização."
Esta foi a trajetória do atual presidente do Walmart.com Brasil, que ocupa o cargo desde agosto de 2014. Antes de assumir a liderança da unidade brasileira da varejista americana, Paulo Sergio Silva, 51, era chefe da área de operações da empresa na América Latina, cargo que ainda mantém.
"Trabalhar como chefe de operações permite conhecer em detalhe os processos, oportunidades e riscos. Isso é um sólido alicerce para se tornar CEO", diz Silva.
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Paulo Sergio Silva, 51, atual presidente do Walmart.com Brasil |
Para Paulo Camargo, 47, que assumiu este mês a presidência da Arcos Dourados no Brasil, dona do McDonald's, manter a "barriga no balcão" é essencial para quem quer ser presidente.
Após sua contratação na multinacional, quatro anos atrás, Camargo passou um ano em treinamento e trabalhou em todas as posições na estrutura de operações.
Por seis meses, diz, ninguém sabia que ele era o vice-presidente de operações.
"Eu tive que aprender cada detalhe do negócio", diz. "Foi a única forma de me sentir preparado para tomar as decisões corretas."
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Paulo Camargo, 47, presidente da Arcos Dourados no Brasil, dona do McDonald's |
A proximidade com a rotina da empresa também foi crucial na promoção, em 2013, de Pedro Reiss, 36, a coexecutivo-chefe da agência de comunicação F.biz.
Reiss, que hoje comanda cerca de 300 funcionários, começou como estagiário na agência, em 1999.
"É tentador se fechar em uma sala e tomar as decisões. Mas nosso papel é conectar a operação de hoje com a empresa que queremos ser amanhã e, nesse sentido, é preciso estar muito perto do trabalho e das pessoas", diz.
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Pedro Reiss, 36, coexecutivo-chefe da agência de comunicação F.biz |
CHEQUE MENOR
Os executivos promovidos dentro da organização ainda são, segundo o levantamento, a maioria (52%).
Entre os executivos que vieram de fora, metade já ocupava o cargo de CEO e outros 33% são da área de operações ou negócios.
Para quem vem de fora, o novo cargo é mais vantajoso financeiramente.
Segundo o estudo, os presidentes promovidos ganham 13% menos que os antecessores. Já os trazidos de outras empresas recebem, em média, 17% a mais.
Segundo Forti, essa discrepância entre profissionais internos e trazidos de fora é comum em todos os escalões da empresa.
"No caso dos presidentes, a diferença da remuneração em relação aos outros cargos é grande o suficiente para que a empresa consiga oferecer um aumento significativo para o funcionário promovido e ainda assim ser menor do que o salário do antecessor", diz.
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