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29/11/2015 - 02h21

Novos 'coachings' prometem de melhora na nutrição a aprovação em concursos

DIEGO IWATA LIMA
DE SÃO PAULO

O "coaching" nasceu nos EUA, nos anos 1990, como metodologia de treinamento para executivos e pessoas em busca de mudanças na carreira ou na vida pessoal.

Mas, com a popularização do conceito, o termo passou a ser adotado por profissionais de diversas áreas, que prometem ajudar com objetivos como perda de peso ou aprovação em concursos.

Hoje, há "coaching" para (quase) tudo.

A nutricionista Lara Natacci, 45, é "coach" desde 2012. A diferença para o trabalho de uma nutricionista comum, diz ela, é o fato de o cliente não sair do consultório com uma prescrição.

"A partir da aplicação das ferramentas do 'coaching', o 'coachee' traça sua própria meta de mudança de hábito e define como vai chegar a ela. Como nutricionista, eu aponto o que ele deve fazer, então", explica.

"Às vezes, pode não ser emagrecimento. Tem gente que quer aumentar o número de horas de sono, por exemplo. Aí, avaliamos quais hábitos podem ser mudados para se conseguir isso", diz.

Bruno Santos/Folhapress
São Paulo, SP, BRASIL- 26-11-2015: A nutricionista Lara Natacci, que ministra coaching de nutrição, retratada em um mercado na Zona Sul de São Paulo. (Foto: Bruno Santos/ Folhapress) *** EMPREGOS *** EXCLUSIVO FOLHA***
A nutricionista Lara Natacci, que ministra coaching de nutrição, em mercado na zona sul de São Paulo

Andrea Umbuzeiro, 56, uniu a experiência como terapeuta holística e reichiana ao "coaching".

Ela hoje é "coach" humanística. "Eu ajudo o indivíduo a desenvolver consciência de sua ecologia pessoal -do seu lugar no mundo enquanto parte de um sistema maior", explica ela.

Com a autoridade de ter se tornado juíza aos 23 anos, a "coach" Dayana Guimarães, 33, desenvolveu um "coaching" para aprovações em provas de concursos público e exames da OAB.

"Eu ajudo o aluno a traçar uma meta de leitura de páginas de conteúdo, por exemplo", diz ela.

Ana Lígia Finamor, do MBA de gestão de pessoas e alta performance da Fundação Getulio Vargas e "coach tradicional", diz que essa nova geração apenas aplica as ferramentas para áreas correlatas à essência da técnica: a vida pessoal e profissional.

Segundo Vilela da Matta, presidente da Sociedade Brasileira de Coaching, o que determina a validade do trabalho de um "coach" não é a área em que atua, mas a qualidade da sua formação e a obediência aos preceitos da metodologia tradicional.

"Na essência, esses não são "coachings" propriamente. Podem até ser úteis, mas são outro tipo de coisa", diz.

Tem coach pra tudo

Em média, cursos de formação duram cem horas, com disciplinas como neurolinguística e hipnose.

A profissão não é regulamentada pelo Ministério do Trabalho e a formação na área não é referendada pelo Ministério da Educação, que a classifica como curso livre, como escolas de idioma.

PARECE, MAS NÃO É

Há quem se designe "coach" mesmo sem formação.

O jogador profissional Victor Begara, 24, intitula o curso que aplica sobre técnicas de pôquer de "coaching", mas não tem formação na área.

"Eu chamo assim porque o termo é muito usado no meio do pôquer, já que sua tradução do inglês quer dizer treinador. Não tem nada a ver com aquele para executivos."

Bruno Santos/Folhapress
São Paulo, SP, BRASIL- 26-11-2015: O coach Gabriel Goffi (26), que é jogador profissional de Poker e também ministra cursos de alta performance para empresários, retratado no Octavio Café, na Zona Oeste de São Paulo. (Foto: Bruno Santos/ Folhapress) *** FSP *** EXCLUSIVO FOLHA***
Gabriel Goffi, jogador profissional de Pôquer que e também ministra cursos de alta performance para empresários, em café na zona oeste de São Paulo

Diferente, por exemplo, do que faz Gabriel Goffi, 26, também profissional do pôquer. Embora ele não se denomine um "coach", por não ter formação na área, aplica treinamento de alta performance para executivos na sua empresa, a Moving Up.

Goffi, "um ex-coachee", conheceu a metodologia há cinco anos, quando decidiu que precisava melhorar a parte emocional de seu desempenho no carteado.

Entre aulas de ioga e meditação, encontrou os treinamentos de alta performance. Após divulgar dicas em mídias sociais, percebeu estar diante de um negócio com potencial e criou o método.

Mais de 400 pessoas já pagaram cerca de R$ 3.400 para assistir aos seus cursos on-line. "Há lista de espera, mas não deixo passar muito de cem pessoas por curso", diz.

 

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