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20/12/2015 - 02h00

Veja evolução dos espaços de trabalho, de cubículos à 'sala de casa'

FERNANDA PERRIN
DE SÃO PAULO

No princípio, era a sala de contabilidade. O escritório moderno nasceu como uma espécie de depósito onde uma ou duas pessoas organizavam as contas das fábricas, a todo vapor com a revolução industrial, no século 19.

Hoje, a tecnologia evoluiu do vapor para a internet, e a antiga sala de contabilidade virou um arquivo na nuvem.

Em "Cubiculados" (ed. Rocco, 368 págs., R$ 49,50), Nikil Saval conta a história da relação, quase nunca harmoniosa, entre o espaço e seus trabalhadores.

Segundo o autor, o escritório foi emancipado do depósito com o aumento de complexidade das indústrias, na primeira metade do século 20.

Nessa época, os espaços imitavam a linha de produção industrial: salas amplas onde escriturários, secretárias e contadores formavam uma "fábrica de processos", nas palavras de Marcelo Nakagawa, professor de empreendedorismo do Insper.

"As funções eram repetitivas e organizativas. Você não tinha uma individualização do trabalhador, porque era desnecessária", diz Ênio Moro Jr., coordenador do curso de arquitetura e urbanismo do Centro Universitário Belas Artes em São Paulo.

Nos anos 1960, a máquina chegou ao escritório. As ancestrais dos computadores automatizaram processos, diminuindo a necessidade de mão de obra. O espaço ficou menor e, os diferentes departamentos, mais próximos, afirma Nakagawa.

Percebendo essas mudanças, o designer e inventor Robert Propst (1921-2000) propôs um modelo para dar privacidade ao profissional e melhorar a organização do local. Nascia, assim, com a melhor das intenções, o "action office", conhecido como cubículo.

O problema foi que a privacidade prometida acabou virando isolamento.

Para Carla Barbosa, gerente de marketing da Herman Miller, empresa de mobiliário corporativo que foi berço da invenção, a proposta foi eficiente para a forma de organização do trabalho na época.

"O cubículo é o símbolo máximo da gaiola. Você fica preso fisicamente, psicologicamente e funcionalmente", diz Nakagawa, ecoando críticas que o modelo passou a sofrer nos anos 1980 e 1990.

Desde então, as baias foram diminuindo de altura até que os cubículos transformaram-se em estações de trabalho, disposição mais comum em escritórios até hoje.

A novidade das estações foi a integração social entre os funcionários, afirma Moro Jr., do Centro Universitário Belas Artes. Ao valorizar os espaços coletivos, os departamentos de recursos humanos perceberam um aumento do bem estar do profissional, com efeito positivo sobre a produtividade.

CONVIVÊNCIA

Hoje, com a possibilidade de fazer quase todo o trabalho burocrático a distância, a função que restou ao escritório foi a de socialização.

Barbosa, da Herman Miller, diz que a tendência é de "humanização". A proposta do"living office", novo modelo vendido pela empresa, é promover o máximo de interação social possível.

É também pelo contato humano que os "coworkings", escritórios onde pessoas que não têm que estar em um escritório trabalham, estão se tornando tão populares, na opinião de Saval, autor de "Cubiculados". "É uma necessidade de fugir do isolamento", afirma.

 

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