Chefe deve questionar em vez de dar ordens, afirma neurocientista
FERNANDA PERRIN
DE SÃO PAULO
Nada é mais motivador para o cérebro do que a sensação de progresso. O desafio, porém, é que, para o cérebro, é mais fácil concentrar-se no que dá errado do que no que dá certo, afirma o neurocientista David Rock, presidente da consultoria Results Coaching Systems.
"Imagine que você vá a um jantar. Tudo está indo bem, até que alguém lhe diz que você segura o garfo de um jeito curioso. Em duas semanas, você não vai se lembrar de mais nada dessa noite além desse comentário", diz Rock em entrevista à Folha.
Divulgação | ||
Neurocientista australiano David Rock durante palestra sobre estratégias de liderança |
No ambiente de trabalho, é papel do gestor mudar esse comportamento em seus funcionários, por meio não de ordens, mas sim de perguntas.
No livro "Não Diga aos Outros o que Fazer: Ensine-os a Pensar" (ed. Elsevier, 256 págs., R$ 84,70), Rock elabora um método quase terapêutico, cujo objetivo é fazer com que o profissional passe a refletir sobre soluções, em vez de remoer o problema.
A técnica, dividida em seis passos (que vão de "pense sobre o processo de pensar" a "dance ao embalo do insight") propõe que o superior não diga o que faria no lugar do funcionário, mas sim que faça perguntas que direcionem a reflexão no sentido das soluções.
Assim, quando alguém chegar com um problema, em vez de questionar a origem do erro, o gestor deve indagar o que é necessário mudar para que o projeto dê certo.
Uma aplicação mais concreta da tática é no momento de feedback: no lugar de apontar as falhas passadas de desempenho, o chefe deve questionar o funcionário sobre o que ele pretende fazer dali para frente para melhorar sua performance.
Por outro lado, conversas sobre temas como os valores da empresa e os resultados esperados do funcionário não comportam esses questionamentos. Nesses casos, afirma Rock, o chefe deve deixar claro o que espera.
CONFIANÇA
Rock afirma que para o método dar certo é preciso que exista uma relação de confiança entre superior e subordinado. Sem isso, o profissional não se sente confortável para levar um problema ao chefe e nem para refletir com liberdade diante dele.
O neurocientista recomenda, em primeiro lugar, avisar a equipe sobre a mudança na abordagem de gestão, para que não haja um estranhamento,e usar o método em média três vezes por dia.
Ao final de um mês, já é perceptível um aumento na produtividade, segundo o coach.
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