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21/02/2016 - 02h00

Assumir cargo em negócio da família pode dificultar carreira

BÁRBARA LIBÓRIO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

As irmãs gêmeas Tamires e Karine Vilela, 28, nunca se sentiram pressionadas a trabalhar na empresa do pai, o empresário Roberto Vilela, 56, fundador da empresa de logística RV Ímola.

Formadas em direito e publicidade, respectivamente, percorreram caminhos fora dos negócios da família. Mas o peso de que um dia seriam herdeiras da empresa levou a mudarem os planos.

"Nosso nome está na empresa. É onde está o nosso patrimônio. Não posso falar que minha área é apenas comunicação e marketing, porque todo problema da empresa é um problema nosso", explica Karine.
Ainda assim, elas tentaram desde o começo desvincular sua imagem daquela de filha do dono.

Bruno Santos/Folhapress
São Paulo, SP, BRASIL- 28-10-2015: Roberto Vilela (56) passou o comando da empresa para a filha Karene Vilela (28). (Foto: Bruno Santos/ Folhapress) *** ESPECIAIS *** EXCLUSIVO FOLHA***
Roberto Vilela, 56, e a filha Karine Vilela, 28, na sede da RV Ímola, em SP

"Sempre tivemos uma regra de tratamento mais profissional possível. Meu pai é o Roberto na empresa e jamais pai. Tentamos evitar mostrar a relação familiar, para que os demais profissionais não tenham a impressão de que não pertencem ao time da empresa só porque não pertencem à família", diz Tamires, que é vice-presidente administrativa.

Para a "coach" Eva Hirsch, esse distanciamento é importante, mas vai além de falar pai ou mãe no escritório. "É preciso haver um alinhamento de expectativas claro e, para o bem da família, não levar temas de dentro da empresa para casa", afirma.

Isabela Vieira, 29, trabalha com os pais na empresa da família, a Everaldo Molduras.

Ela afirma que um dos momentos mais difíceis é receber o feedback. "Quando vier uma avaliação negativa, a cobrança é bem pior já que você não é apenas um funcionário, mas o dono da companhia. Por isso tem que ter cabeça fria."

Outra recomendação de Isabela é lembrar que nem sempre o dono tem a melhor solução para a companhia.

"Eu tinha 20 anos quando entrei na empresa e já havia muitos funcionários experientes. Não se pode chegar querendo passar por cima das pessoas, é preciso humildade. Não é porque você é filho do dono que tem sempre razão", diz.

EXPERIÊNCIA

Por outro lado, Roberto Vilela afirma que parte importante de gerenciar um empreendimento em família é deixar o filho tomar suas próprias decisões.

"Quando a Karine entrou na importadora do grupo, queria vender um vinho que eu não achava que daria certo. Deixei ela fazer, e funcionou. Muitos empresários querem que os filhos sejam uma cópia sua, mas não funciona assim", diz Vilela.

Um cargo garantido na empresa da família nem sempre é suficiente para quem quer construir uma carreira que vá além da sucessão.

"Ter uma posição numa empresa familiar é muitas vezes visto com preconceito no mercado. Muitos pressupõem que você está lá tão somente por ser filho e não por competência", afirma Karine.

Uma saída, diz o "coach" Amauri Nóbrega, é tentar diversificar as experiências dentro da própria empresa familiar, passando por áreas diversas do empreendimento.

Caso a escolha seja pela sucessão na chefia, Nóbrega recomenda a criação de um conselho de família dentro da empresa.

"Esse é o órgão vital para que o processo de troca de liderança aconteça de maneira positiva. É lá que serão discutidas todas as regras de como será executada essa mudança", diz.

Na RV Ímola, ela já foi implementada. "Estamos estudando e trabalhando a sucessão familiar, definindo critérios e desde já pensando na segunda ou terceira geração familiar", diz Roberto Vilela.

 

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