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23/02/2016 - 17h00

A pior pessoa da equipe define o que é aceitável no trabalho

FELIPE CASTRO
ESPECIAL PARA A ENDEAVOR

Aquela pessoa que chega atrasada na reunião ou não entrega um projeto no prazo pode influenciar o comportamento do restante da equipe –e para pior.

Em todo grupo de pessoas, seja em uma organização, uma equipe ou um projeto, existe uma forte tendência à conformidade e ao comportamento em grupo. Os seres humanos são animais gregários e tendem a querer se comportar como o restante do grupo, gerando o chamado "group think". Isso faz com que as pessoas tomem decisões ou ações com as quais discordariam individualmente.

Por isso, a pior pessoa da equipe é quem define o que é aceitável: ela estabelece qual é o comportamento mínimo para ser aceito no grupo.

Reprodução/Endeavor
A pior pessoa define o aceitável
A pessoa de pior comportamento na equipe define o limite do aceitável pelo grupo

Quando uma pessoa sempre chega atrasada, não cumpre metas, trata mal os clientes ou colegas e nada acontece, a organização legitima esse comportamento. Se essa pessoa pode se comportar assim, então todos podem.

O pior comportamento passa a ser o nível mínimo de exigência, puxando todos para baixo. É impossível atingir a excelência ou construir uma cultura de alto desempenho sem eliminar os comportamentos inapropriados.

A chamada "Teoria das Janelas Quebradas" foi chave para a redução do crime em Nova York. George Killing e James Wilson identificaram, em 1982, que em bairros onde havia janelas quebradas, em pouco tempo mais janelas seriam quebradas também, espalhando coisas piores. Eliminar as ofensas menores, como pichações no metrô, foi fundamental para gerar a grande queda de criminalidade na cidade, começando pelo metrô.

O MAL PREVALECE

O pesquisador Andrew Miner descobriu que as interações negativas com o chefe e os colegas exerciam impacto cinco vezes maior no humor dos funcionários do que as interações positivas. Por isso, não basta tentar imitar o bom comportamento: o mau comportamento deve ser eliminado.

"Estudos de caso e pesquisa acadêmica mostram que se você quer criar e espalhar excelência, eliminar o negativo é a prioridade máxima. Comportamento destrutivo, como egoísmo, medo, preguiça, desonestidade e atitudes desagradáveis em geral, tem muito mais efeito do que o comportamento construtivo. Assim, eliminar comportamento e crenças destrutivas abre caminho para a excelência se espalhar ", dizem os professores da Universidade Stanford (EUA) Huggy Rao e Robert Sutton, autores do livro "Potencializando a Excelência".

CONSISTÊNCIA

A consistência entre o discurso e as ações da liderança é fundamental para conquistar e motivar a equipe. Quando há diferença entre discurso e prática, ela é rapidamente descoberta pelos funcionários, que passam a ignorar o discurso.

O ser humano busca constantemente a consistência interna. A chamada "dissonância cognitiva" é o desconforto sentido por um indivíduo ao lidar ao mesmo tempo com duas ideias, valores ou crenças contraditórias. O desconforto faz com que a pessoa busque reduzir a dissonância, ignorando a parte inconsistente ou mudando o comportamento.

OBRIGAÇÕES MÚTUAS

A atitude na liderança é chave, mas não é o bastante. Nas organizações horizontais, com times auto-gerenciados, a própria equipe precisa se cobrar e se motivar. É fundamental que ela crie obrigações mútuas entre seus integrantes, construindo compromissos com o desempenho e com as atitudes corretas.

É o time quem deve eliminar o comportamento inadequado, seja por meio de feedback, cobrança, coaching ou mesmo desligando a pessoa. O importante é que aquele comportamento não se torne parte do dia a dia do grupo.

O livro "High Stakes, No Prisoners" (riscos altos, nenhum prisioneiro), de Charles Ferguson, conta a história de como o Frontpage foi vendido para a Microsoft.

Em um trecho, o autor narra uma conversa com um dos engenheiros do time: "Você pode ser a pessoa que sai mais cedo, por que alguém tem que ser. Você pode ser a pessoa mais lenta para entregar, por que alguém tem que ser. Mas você não pode ser os dois."

Eventualmente, esse engenheiro saiu da empresa. Assim como esse time, seu negócio também precisa eliminar o mau comportamento e definir novos padrões de desempenho. E, sem mudar a pior pessoa, isso não é possível.

Este artigo foi publicado originalmente no site da Endeavor. Leia aqui

 

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