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27/03/2016 - 02h00

Profissionais pedem demissão para fazer mestrado em busca de promoção

GUILHERME CELESTINO
DE SÃO PAULO

O administrador Bernardo Falcão, 26, entrou na multinacional EY logo após concluir a faculdade. Cinco anos depois, percebeu que, sem um diploma de pós-graduação, ficaria estagnado na profissão.

Ele pediu demissão no ano passado e, desde então, se dedica integralmente ao mestrado em administração no Coppead-UFRJ (Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro).

"Decidi me arriscar porque vi que não havia mais espaço para promoções e ia chegar no limite da minha carreira dentro da empresa", afirma.

Divulgação
O estudante de mestrado do Coppead - UFRJ Humberto Thiengo
O estudante de mestrado do Coppead - UFRJ Humberto Thiengo

A decisão de deixar um emprego estável para estudar, contudo, não é fácil. "Sempre há a sensação de que vamos interromper nosso crescimento profissional", diz João Roncati, 49, especialista em RH da People & Strategy.

Para evitar que isso de fato aconteça, diz Roncati, é necessário ter um objetivo claro a se alcançar com o mestrado e um bom planejamento para os períodos durante e depois do curso.

Falcão passou dois anos guardando dinheiro para compensar a falta de salário.

"Já tinha uma poupança da época da faculdade, que ampliei para esse período. Facilitou também o fato de eu morar com meus pais", conta o estudante.

Quando passou no concurso, Falcão conversou com o chefe sobre seus planos. "Expliquei que o mestrado serviria para me aprimorar no que já fazia e que gostaria de voltar quando acabasse".

Ele já teve uma proposta para voltar à EY no fim do curso.

A estratégia de "portas abertas" foi a adotada pelo advogado Renato Caumo, 32.

Ele passou dois anos cursando mestrado em direito na Universidade de Georgetown, nos EUA. Antes de voltar ao Brasil, entrou em contato com um sócio do escritório de advocacia onde trabalhava e conseguiu uma nova vaga, em cargo superior.

"Sabia que não seria fácil interromper a carreira, mas o mestrado levou meu currículo a outro nível", diz.

Para pagar os custos, Caumo conseguiu duas bolsas e fez estágio no FMI.

Carlos Heitor Campani, 39, professor de finanças no Coppead-UFRJ Campani diz que "é sempre bom" manter contato com a antiga empresa. Outra opção são os programas de recolocação no mercado organizados pelas próprias instituições de ensino.

Tiago Mitraud, 29, diretor executivo da Fundação Estudar, que oferece bolsas de mestrado e MBA, diz que a aposta na especialização compensa.

"As empresas brasileiras valorizam o profissional com curso em universidades renomadas e estão dispostas a pagar mais por ele", diz.

Quatro ou cinco anos após entrar no mercado é o período ideal para fazer um mestrado, segundo Mitraud.

"É quando o profissional costuma chegar a um ponto de estagnação na carreira."

NOVOS RUMOS

A especialização também pode ser uma opção para mudar de caminho. Humberto Thiengo, 27, fez mestrado em administração na UFRJ para ampliar suas possibilidades no mercado de trabalho.

Antes do curso, ele trabalhava como analista na Oi e estava receoso de não conseguir sair do setor de telecomunicação.

"Me formei em engenharia de controle de automação e tive background muito técnico. Precisava de conhecimento mais teórico", diz.

Na fase final do mestrado, Thiengo trabalha na empresa de consultoria de gestão e estratégia Macroplan.

"Aos fins de semana, me dedico à redigir a dissertação", afirma.

 

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