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29/05/2016 - 02h00

Opção pelo cargo público deve levar em conta mais do que estabilidade

ADRIANA FONSECA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O concurso público ainda atrai muitos interessados pela estabilidade do cargo ou pelos salários altos apresentados nos editais.
Mas a escolha pela carreira pública deve levar em conta não só a segurança, mas também o perfil da função e os objetivos profissionais para que a pessoa não acabe frustrada com as dificuldades do trabalho governamental.

"É importante ter em mente que não é o cargo que traz a felicidade para o profissional mas, sim, a relação com o trabalho", afirma Felipe Maluf, sócio da Ycoach.

Formado em direito, Luiz Claudio Campos, 39, não se sentia realizado com o trabalho em escritórios de advocacia. Decidiu migrar para o terceiro setor e, em seguida, entrou na política pública.

A migração para os concursos foi natural. Em 2009 prestou a prova e, dois anos depois, foi chamado para ser especialista em políticas públicas e gestão governamental.

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"Essa carreira tem um impacto e uma influência na vida das pessoas que é muito gratificante", diz Campos, que hoje atua na Secretaria de Educação de São Paulo.

Sua colega de cargo, Mariana Mazzini Marcondes, 32, também buscou os concursos para trabalhar com algo que tivesse impacto positivo.

"É um espaço de construção de políticas públicas para uma sociedade melhor."

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A motivação pelo trabalho, mais do que pelo salário ou estabilidade, ajuda a encarar algumas frustrações do setor.

Uma delas é a falta de continuidade, diz Fernando Abrucio, coordenador da graduação em administração pública da FGV (Fundação Getulio Vargas).

"Existem projetos que demoram anos para ter resultado e outros que são cancelados quando há troca de governo", afirma o professor.

Outros dois aspectos críticos são o fato de a administração pública ser engessada e ter regras que, às vezes, dificultam o trabalho e a falta de premiação por desempenho individual.

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FORA DO HORÁRIO

Rafael Seabra, 33, prestou concurso para o Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco em 2011 atraído pela estabilidade, carga horária reduzida de 30 horas semanais e ótimo salário. Ficou três anos no cargo até decidir pedir a exoneração.

O salário que parecia atraente no edital já não condizia mais com seus planos.

"Eu sempre acreditei que podia mais. O senso comum estabelece que um concursado só pode buscar rendimentos maiores se prestar outro concurso e eu não queria entrar na rotina de estudos."

Ajudou na decisão o fato de Seabra ter descoberto que não queria mais trabalhar como analista de sistemas.

Hoje, Seabra se dedica ao Quero Ficar Rico, um blog de dicas financeiras.

"O que eu perderia estava muito claro: uma renda mensal excelente, estabilidade e os benefícios de ocupar um cargo público. Mas o que eu ganharia? A liberdade. Para mim, isso não tem preço."

 

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