Chefe de finanças evolui da criação de relatórios para funções mais altas
CAMILA DE LIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A estrada até o cargo alto de diretor financeiro ficou mais curta, muito por conta da proliferação de start-ups e empresas de tecnologia. "Está ocorrendo quebra de paradigma na questão de tempo de carreira. Não há muita regra. Numa empresa jovem, todo mundo é jovem, até o diretor financeiro", diz Daniela Ribeiro, gerente da consultoria Robert Half.
No começo, a carreira é bem técnica. "É um trabalho minucioso, de lidar com planilhas", diz José Cláudio Securato, presidente da escola de negócios Saint Paul e do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças. Com a evolução, o profissional passa a conhecer melhor outras áreas da empresa e a dominar a gestão financeira e de pessoal.
"Quando chega ao topo, deixa de apenas criar relatórios de resultados para usar dados em prol da estratégia e da empresa", diz Securato.
MULTIDISCIPLINAR
O executivo de finanças está em alta porque é ele quem toma as rédeas não só do corte de custos mas do reposicionamento dos negócios.
Se antes a função tinha um perfil essencialmente técnico, agora são esperadas desse profissional habilidades como flexibilidade, comunicação e talento para lidar com gente. "Ele mudou de atuação, está multidisciplinar", diz o gerente da consultoria Michael Page, Tomás Jafet.
Segundo o consultor, muitos diretores financeiros que estavam havia anos nas cadeiras foram substituídos porque, no aperto, grandes empresas passaram a cobrar deles ações mais diretas.
"Esse profissional precisa ser resiliente, não importa o nível da crise ou a dificuldade que a empresa tem para gerar caixa. Ele precisa ser o copiloto do presidente, indicando para ele quando brecar, quando acelerar e quando virar", diz Securato.
Para Jafet, a principal característica da posição é a credibilidade. "Tem o papel de acalmar, passar a confiança e a credibilidade de quem está por dentro de tudo."
Que o diga José Roberto Lettiere. Ele foi diretor financeiro da Alpargatas por seis anos, e diz ter aprendido a trabalhar mais em equipe naquela função. Hoje é vice-presidente da Natura, onde já conseguiu implantar novos canais de vendas em pouco mais de um ano.
"Cresci profissionalmente numa cultura de hiperinflação, taxas de juros altíssimas e extrema volatilidade no câmbio, que foram os anos 80 e 90. Depois, trabalhei na crise da Argentina entre 1999 e 2002 [pela Unilever], o que me dá a confiança de que posso contribuir bastante para a empresa neste momento."
Na visão de Lettiere, um bom executivo financeiro traduz informações em criação de estratégias. "Ele se antecipa aos movimentos do mercado. É fundamental ficar de olho no crédito e ter uma boa análise do que acontece com o consumidor", ensina.
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DIRETOR FINANCEIRO
SALÁRIO de R$ 15 mil a R$ 75 mil
O QUE FAZ responde pela administração e pelo planejamento financeiro de uma empresa
HABILIDADES facilidade de comunicação, conhecimentos de gestão de pessoas, experiência nas áreas contábil e de controladoria, liderança e pensamento estratégico
FORMAÇÃO administração, ciências contábeis, economia, gestão, engenharia
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