Estresse no trabalho afasta mais pessoas com diabetes
MARCOS DE VASCONCELLOS
DE SÃO PAULO
Depois de ter ficado quase cega do olho direito e passado por quatro cirurgias para recuperar 40% da visão, a publicitária Aline Botelho, 35, diz ter compreendido que o nível de estresse provocado pela alta cobrança em seu emprego anterior era incompatível com o diabetes.
Eduardo Anizelli/Folhapress |
Aline Botelho, 35, abriu mão da carreira de produtora de eventos após quase ficar cega |
Botelho é exemplo de um cenário em expansão nas empresas: diabéticos afastados em decorrência de agravantes no ambiente de trabalho.
O índice cresceu 520% de 2007 para 2010; os casos foram de 22 para 137. Nos cinco primeiros meses de 2011, 81 pessoas receberam auxílio-doença acidentário (quando há relação direta entre trabalho e doença) pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) pelo mesmo motivo.
A tendência já desperta a atenção de profissionais, médicos e corporações, visto que a quantidade de adultos com diabetes mais que dobrou nas últimas três décadas, chegando a quase 350 milhões de pessoas no mundo.
Combinação perigosa
A principal relação entre os afastamentos e a doença é o estresse, segundo Mário Bonciani, vice-presidente da Anamt (Associação Nacional de Medicina do Trabalho).
Mas a carga de trabalho e a pressão do ambiente corporativo não são os únicos responsáveis pelo aumento do número de afastamentos.
Segundo a endocrinologista Karla Melo, da equipe de diabetes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, há um mau controle da doença por parte do funcionário devido ao medo de ser vítima de preconceito.
"Muitos pacientes não aceitam o diagnóstico por temer que isso repercuta na empregabilidade deles", considera a especialista.
O endocrinologista Marco Antonio Vívolo, do conselho consultivo da ADJ (Associação de Diabetes Juvenil), afirma que, se o ambiente corporativo é saudável e permite que o funcionário controle a doença, "é possível trabalhar normalmente com diabetes".
Batalha
Depois de deixar reuniões no trabalho para "ser levado ao hospital para tomar soro e insulina", Marco Antônio Gomes buscou psicoterapia.
Também começou, sob supervisão médica, a tomar antidepressivos. Os remédios ajudam, diz ele, a lidar com "a grande pressão e as constantes disputas" na escola do centro de São Paulo da qual é vice-diretor.
Já a publicitária Aline Botelho, que passou por cirurgias para recuperar parte da visão, conseguiu lidar com a carga de trabalho "muito acima da média" da empresa na qual produzia eventos até ser vítima de uma hemorragia ocular em 2007.
Fez uma reavaliação da carreira e decidiu deixar a companhia. Hoje a profissional trabalha de casa -desenvolve sites em uma empresa que abriu com o marido.
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