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11/08/2011 - 07h15

Enrolação no trabalho deve ser planejada

FELIPE GUTIERREZ
DE SÃO PAULO

Tânia (nome fictício), 26, trabalha como auxiliar administrativa numa empresa de limpeza e, entre outras funções, precisa levantar dados sobre faltas e mapear o destino dos funcionários. A profissional deveria escrever um relatório por dia, mas, às vezes, deixa o trabalho acumular por até três dias, quando redige todos de uma vez -- as informações não são repassadas aos superiores diariamente.

Mesmo com as tarefas a serem cumpridas, ela costuma bater papo com colegas e navegar pela internet. "Fico no Orkut. Um amigo meu traz de casa um computador com conexão. Mas só faço isso quando a supervisora não está na sala. Ela ainda não me pegou", conta, rindo.

Para Ana Cristina Limongi-França, professora do núcleo de gestão de pessoas da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo), esse tipo de atitude dever ser encarada como natural. "Todo mundo tem potencial para procrastinar", considera.

A embromação no trabalho acontece por diversas razões, segundo a professora. Na lista, diz ela, estão cansaço, tarefas desagradáveis a serem feitas e falta de informações suficientes para cumprir a obrigação.

Muitas vezes, explica Limongi-França, a execução de uma tarefa deslancha com a pressão do prazo. "Às vezes, [o profissional] enrola, até que chega um momento crucial. Daí ele toma um susto grande, dá uma chacoalhada interna e termina [a tarefa]."

O administrador de condomínio Alan, 20, calcula que, de cada oito horas que trabalha, uma é gasta em atividades que não são essencialmente produtivas. Mas ele diz considerar o período de ócio importante. "É preciso espairecer para voltar ao zero, principalmente se a atividade é monótona", afirma.

DISCIPLINA PARA EMBROMAR

A professora diz que o ideal é assumir que a procrastinação acontece e incorporar e planejar esses momentos de ócio na rotina. "O profissional tem que decidir quanto tempo vai gastar com as distrações, marcar com o despertador e parar."

Marcos, 29, trabalha com tecnologia de informação e afirma que só acessa e-mails pessoais ou navega por sites de esporte se não tem tarefas a cumprir.

"A empresa está me pagando para eu trabalhar, e não para acessar coisas particulares", diz. Mas, de vez em quando, ele desce até a rua para fumar ou tomar café. "Fazer uma pausa", afirma ele, é importante para trabalhar corretamente.

AUTONOMIA PARA FUNCIONÁRIOS

A diretora de comunicação corporativa da agência de publicidade DM9DDB, Lana Pinheiro, que tem uma equipe direta de três pessoas, diz que estimula os subordinados a terem perfil no Facebook e a participarem de redes sociais. O ambiente, segundo ela, é "lotado" de revistas e jornais e tem mesa de pebolim.

"Achamos saudável que as pessoas tenham esse momento de escape, respirem e voltem. Pode ser tanto no computador ou no mundo real, dando uma volta, jogando pebolim", explica. Ela completa: "Como gestora, preciso dos resultados. A gestão do tempo é de autonomia do funcionário", diz.

 

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