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28/08/2011 - 07h30

Companhias vivem 'apagão' de líderes

CAMILA MENDONÇA
DE SÃO PAULO

O Brasil sofre hoje um "apagão de líderes", afirmam nove dos dez especialistas consultados pela Folha.

Uma das principais razões é a economia aquecida. As empresas crescem e têm necessidade de mais gestores qualificados, afirma Gilberto Guimarães, coordenador de liderança da HSM Educação.

Mas muitas corporações não se prepararam para esse cenário e deixaram de formar líderes internamente.

Boa parte dos profissionais também não se ateve à capacitação em gestão -focou mais a formação técnica.

Para preencher essa lacuna, uma das soluções das empresas é acelerar a carreira de trabalhadores, promovendo-os a cargos de chefia.

"As companhias buscam completar seus quadros diminuindo critérios de seleção", enfatiza Norberto Chadad, diretor-presidente da consultoria Thomas Case.

Alessandro Shinoda/Folhapress
André Barros e Valquíria Coelho da New Soft Intelligence
André Barros e Valquíria Coelho da New Soft Intelligence

O problema de promovê-los é que, sem competências em gestão, esses profissionais duram pouco, e outros, com ainda menos experiência, são alçados a postos de liderança, dizem consultores.

Valquíria Coelho, 34, gerente de RH da New Soft Intelligence, de TI, busca sete gestores há um ano.

"Fizemos mais de 30 processos, que param quando avaliamos o perfil comportamental", afirma Coelho. O problema "impacta a empresa como rolo compressor".

"Os líderes de hoje não viveram círculos de sucesso e fracasso para transmiti-los, e isso não se aprende na faculdade", afirma Fábio Saad, gerente sênior da Robert Half.

MAIS EXPERIENTES
Mesmo longe da rotina organizacional, a experiência de Celso Bazzola, 44, em postos de gestão o faz receber ao menos três propostas por mês para voltar a atuar, com salários até 40% maiores em relação ao que recebia antes.

Há oito anos, ele deixou o mercado para tornar-se consultor. "Queria um trabalho mais flexível", conta Bazzola, que tem curso superior em administração, pós em recursos humanos e experiência profissional de 21 anos.

Com a escassez de empregados aptos a ocupar postos de gestão, as empresas miram os mais experientes.

A explicação, afirmam consultores, é que organizações perceberam que acelerar processos de crescimento de carreira nem sempre dá certo.

"Vemos jovens assumindo altos cargos porque eram bons técnicos, mas ser gestor exige mais do que isso", frisa Marisabel Ribeiro, líder da área de talentos da Mercer.

PREPARAÇÃO
O mercado contrata "mais pessoas, mas esquecemos de prepará-las", pondera Elaine Saad, gerente-geral da consultoria Right Management. Segundo ela, o retorno dos mais experientes supre a lacuna deixada pelos jovens.

Com especializações e pós-graduação em administração, a psicóloga Raquel Nogueira, 31, está empregada em cargo de gerência e diz receber propostas diárias.

"A empresa em que trabalho passa por expansão e isso me motiva a ficar", conta.

Apesar de afirmar que não cogita mudar de companhia, por enquanto, ela diz ouvir as propostas para manter-se atualizada e nivelar-se "com o que o mercado exige".

 

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