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08/12/2011 - 07h15

120 anos: Prédios da av. Paulista expressam as mudanças do poder econômico

CAMILA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O conjunto de construções da avenida Paulista, que completa 120 anos nesta quinta (8), faz referências aos donos do poder no país em diferentes períodos do desenvolvimento econômico.

Daniel Marenco/Folhapress
Prédio do Masp, na Avenida Paulista, em São Paulo
Prédio do Masp, na Avenida Paulista, em São Paulo

"De um lado, há a apropriação material, que é vinculada aos grandes capitais; de outro, existe uma apropriação simbólica, que também é feita por outros cidadãos, que utilizam a avenida como espaço público, de protesto, de festas", analisa a socióloga Maria Margarida Cavalcanti Limena, autora do livro "Avenida Paulista: imagens da metrópole" (1996).

Projetada pelo uruguaio Joaquim Eugênio de Lima, a rua nasceu em 8 de dezembro de 1891, período de ascendência da oligarquia cafeeira paulista.

Até o final da década de 1920, a Paulista viveria sua primeira fase, segundo a socióloga.

"Desde sua inauguração, a avenida Paulista nasce sob o signo da modernidade. A exemplo de outras cidades no mundo, como Paris e Viena, São Paulo sofreu uma reforma urbana com a intensão de projetar uma nova imagem e a Paulista era o principal símbolo", discorre Limena.

Os casarões surgem como o símbolo de uma classe social que decide posicionar suas mansões em um dos lugares mais altos da cidade. Hoje, restam apenas cinco dessas construções.

INDUSTRIALIZAÇÃO
Entre os anos 1930 e 1970, ocorrem mudanças aceleradas na forma de ocupação e de uso dos espaços da avenida, reflexo da expansão urbana acelerada e desorganizada, estimulada pela industrialização da cidade.

A transformação torna-se mais acelerada na década de 1950, com a demolição de alguns casarões e a construção de edifícios, primeiramente residenciais.

"Os primeiros edifícios eram exclusivamente para moradia, mas depois começam a ser construídos prédios de uso misto (comercial e residencial) inspirados em modelos de outras cidades, como Paris e Nova Iorque", relata Limena.

O Conjunto Nacional é um dos exemplos mais marcantes de construções desse período. Ele ocupa o terreno onde estava construído o casarão do barão do café Horácio Sabino, construída em 1902.

O projeto é do arquiteto David Libeskind e contemplou, em uma área de 120 mil m² de área construída, um centro comercial, espaços para eventos, centro de convenções, salão de festas e apartamentos residenciais. A obra foi concluída em 1962.

Outro modelo desse tipo é o Edifício Nações Unidas, na esquina com a avenida Brigadeiro Luís Antônio, da década de 1950.

Esses prédios misturavam apartamentos de diversos tipos e, por consequência, se misturavam famílias de diversos tamanhos.

CAPITAL FINANCEIRO
A terceira fase, segundo Limena, compreende o período entre os anos 1970 e os dias atuais, quando o capital financeiro lidera a economia.

Até 1968, não existia um órgão responsável pelo tombamento dos imóveis. Limena relembra que, entre 1981 e 1982, houve demolição em massa dos casarões, que deram lugares a novos prédios comerciais e financeiros.

Em 2011, o processo de demolição nos arredores da avenida voltou a se acelerar e, dentre os casarões da avenida, restaram aqueles que foram tombados.

"Eu acredito que deva haver um equilíbrio. É evidente que a aceleração do ritmo da vida economia teve como consequência a aceleração das transformações dos espaços urbanos. Mas eu acho que existem modos de se apropriar de espaços antigos de forma moderna", pondera Limena.

Se a manutenção da memória não fosse interessante, não existiria o que temos em cidades europeias, em que edifícios dos séculos 14 e 15 são utilizados para atividades contemporâneas.

 

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