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16/09/2012 - 07h07

Cresce número de lançamentos de um dormitório em São Paulo

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A irmã que irrita; a mãe e o pai que cobram horários; o amigo divertido que topou dividir apê e depois se mostrou um belíssimo bagunceiro.

E então o jeito foi apostar em outro estilo de vida, em um lugar onde é permitido fazer xixi de porta aberta, deixar a louça para o dia seguinte, ouvir música no volume adequado --ou em um volume nem tão adequado assim.

Lucas Lima/Folhapress
A produtora Nathalia Birkholz, que mora sozina no Sumaré, em São Paulo
A produtora Nathalia Birkholz, que mora sozinha no Sumaré, na zona oeste em São Paulo

Há cinco anos, quem optasse por morar sozinho teria dificuldade de encontrar um imóvel novo em folha. Apenas 1% dos lançamentos imobiliários em São Paulo, em 2007, tinha esse perfil.

Reforma diminui aperto de quem mora sozinho

Mas a demanda de solteirões, divorciados, viúvos e casais que se separaram pressionou de um lado, pressionou do outro e acabou dando novo norte ao mercado. Apartamentos para uma pessoa voltaram a ter espaço em um setor que andava apostando na vida familiar.

Em 2011, o número de residências com apenas um dormitório saltou para 17% dos lançamentos em todo o município, segundo pesquisa do Secovi-SP (sindicato da habitação).

A maior parte dos projetos voltados para uma pessoa está na região central da cidade, diz Daniel Berrettini, gerente de marketing da construtora You,Inc, que está desenvolvendo um projeto na rua Paim com residências de 35 metros quadrados a 70 metros quadrados.

Há cinco anos, a pequena via, vizinha à rua Frei Caneca, era ocupada por casas e cortiços. Um shopping e outros estabelecimentos que abriram nos arredores valorizaram a região.

Berrettini diz que a You,Inc percebeu, por meio de pesquisas e pelo contato direto com clientes, que havia uma forte demanda por apartamentos compactos ali. "São residências para quem passa muito tempo na rua, quer estar próximo a pontos culturais e costuma usar transporte público", avalia.

A oferta de crédito para compra de imóveis também determinou o crescimento. "Antes, comprava-se imóvel só depois dos 40 anos. Hoje, já vendemos para jovens com idade a partir dos 25 anos."

Um levantamento da Caixa Econômica Federal que divide o perfil etário de quem pede crédito para compra de imóveis mostra que, entre os que tem menos de 35 anos, o índice subiu de 54,1% para 58,1% entre 2002 e 2012 --um crescimento de 4%. Houve queda de 2,9% entre pessoas com idade entre 36 e 45 anos.

ÁREA COMUM

Para compensar a falta de espaço nos apartamentos de metragem baixa, empreendimentos valorizam áreas comuns do condomínio.

Um edifício da You,Inc, batizado de Zoom e em construção na rua Paim, na região central de São Paulo, criou um pequeno centro de serviços onde o morador compartilha a lavanderia com os vizinhos.

Quem não tem tempo pode pagar para um funcionário cuidar do serviço. Há empregadas no condomínio, e elas também podem ser contratadas para arrumar a casa. Algo similar ao serviço de flat, mas menos impessoal.

O valor do condomínio em um empreendimento similar ao Zoom é que pode ser pouco atraente. A mesma construtora está lançando na Aclimação um edifício cujo valor do condomínio fica em torno de R$ 1.500. Os apartamentos custam a partir de R$ 359 mil --para unidades de 38 metros quadrados.

A incorporadora Idea!Zarvos tem um projeto com esse mesmo perfil que vai ser inaugurado em breve na Vila Madalena: o P.O.P XYZ, específico para quem quer morar sozinho.

Lucas Lima/Folhapress
O executivo Eduardo Carlezzo, que mora em um apartamento com terraço no bairro dos Jardins, em São Paulo
O executivo Eduardo Carlezzo, que mora em um apartamento com terraço no bairro dos Jardins, em São Paulo

O prédio tem assinatura de grife, do escritório Triptyque, mas o preço de sua metragem está sendo divulgado como igual ao de outros edifícios do bairro (R$ 11 mil por metro quadrado). As unidades têm entre 50 metros quadrados e 70 metros quadrados.

A ideia é fazer da área comum, incluindo os corredores e os halls do prédio, uma espécie de extensão de cada lar, incluindo áreas com estações de trabalho. "Você mora sozinho ali, mas também convive com a vizinhança", diz Luiz Felipe Carvalho, sócio-diretor da incorporadora.

PERSONALIZADO

Morar sozinho também deixou de ser sinônimo de "morar acampado", diz Fabiana Rocha, sócia de Luzia Ralston no F:AZ arquitetura. Quando elas inauguraram o escritório, há quatro anos, a demanda era 100% voltada para casais ou famílias. "Hoje, 30% dos nossos clientes querem morar sozinhos", diz Fabiana. "E quem mora sozinho também busca hoje um projeto legal", completa.

Derrubar a parede que separa a cozinha da sala, diz a arquiteta, é o primeiro dogma da vida independente. "A faixa etária de quem pede esse tipo de projeto geralmente está na casa dos trinta. São pessoas que ficam muito tempo na rua, mas que gostam de receber amigos em casa."

O arquiteto André Leite, da Ximenes Leite Arquitetura, desenvolveu seus dois primeiros projetos para uma morador no ano passado e neste ano. Ele acha que, além de funcionar como uma espécie de refúgio, esse tipo de residência também vira um cartão de visitas, especialmente para quem é solteiro. "Impressionar alguém com a casa é algo que as pessoas fazem, principalmente quando estão atrás de namorado."

Carolina Daffara/Folhapress
 

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