Secovi alerta para bairros com potencial de construção 'zerados' em SP
REINALDO CHAVES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A lei de zoneamento de São Paulo tornou a outorga onerosa de potencial construtivo um fator muito importante para os empreendimentos imobiliários saírem do papel.
Mas, de acordo com o presidente do Secovi-SP (sindicato da habitação), Cláudio Bernardes, a lei também criou um impasse que pode afetar gravemente os lançamentos imobiliários em alguns bairros da cidade.
"Temos regiões que estão zeradas, ou seja, em que praticamente não há mais espaço para construir. Uma liminar do Ministério Público impede mudanças na lei para criar novos locais de construção sem que aconteça antes uma revisão do Plano Diretor. O problema é que essa revisão está parada há seis anos na Câmara. Com isso, qualquer empreendimento nesses locais vai ter preços muito altos", comentou.
Bernardes apresentou esse cenário ontem (20) na 12ª Conferência Internacional da Lares (Latin American Real Estate Society), em São Paulo.
O Secovi-SP considera os seguintes bairros zerados: Água Rasa, Bela Vista, Belém, Cambuci, Cursino, Ipiranga, Jaguaré, Jaraguá, Lapa, Liberdade, Limão, Mooca, Morumbi, Sacomã, Vila Formosa, Vila Guilherme e Vila Leopoldina.
BOLHA DESCARTADA
Bernardes participou da plenária "Estabilização dos Preços nos Mercados de Real Estate Residencial: a Bolha Arrefeceu?".
O especialista citou a medição do índice Fipe/ZAP, que fechou o ano de 2011 com uma alta de 27%. Neste ano, até agosto a alta foi de 10,6% e o Secovi-SP estima que a alta no ano feche em 16%.
Para ele, isso está acontecendo porque o mercado está procurando um equilíbrio entre a oferta e a demanda, que é natural pelo grande número de lançamentos recentes e pela desaceleração da economia no final do ano passado e neste ano.
E sobre o mercado imobiliário estar vivendo um período de altas de preços insustentáveis que poderiam caracterizar uma bolha especulativa, Bernardes foi taxativo em negá-la:. "O país tem uma demanda habitacional enorme justificada por fatores como distribuição etária da população, padrões dos casamentos, formação de novos arranjos familiares e níveis de renda da população. Calculamos que até 2022 o país vai precisar de 23 milhões de novas moradias. Além disso, temos um mercado altamente regulamentado e conservador na concessão de crédito".
Essa também foi a posição do presidente do Fiabci (Federação Internacional das Profissões Imobiliárias), Basílio Jafet: "Culturalmente o brasileiro compra imóvel para morar, não para especular".
Ele citou dados do município de São Paulo sobre a participação segmentada das vendas. Em 2011, segundo o Secovi, a maioria das vendas foi para imóveis de dois dormitórios (46,3%), enquanto os de quatro dormitórios tiveram menor peso (7,3%).
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