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30/09/2012 - 06h00

Casa sustentável brasileira é exposta em megaevento em Madri

DANIEL VASQUES
ENVIADO ESPECIAL A MADRI

Uma casa ecologicamente correta tem de gastar o mínimo de energia ao longo de seu ciclo de vida. Melhor ainda se produzir tudo o que necessita para funcionar.

Para mostrar as possibilidades de construção de casas autossustentáveis (que produzem a energia que consomem), cerca de 500 universitários de 11 países se reúnem em Madri, na Espanha, durante a competição Solar Decathlon --que começou no dia 14 e termina hoje.

Casas 'verdes' ainda são uma realidade distante no Brasil
Brasileiro participa de evento de casas sustentáveis por equipe japonesa

Pela primeira vez, uma equipe brasileira expõe uma casa no evento e mostra um projeto que mescla alta tecnologia e equipamentos simples: de painéis fotovoltaicos, que produzem energia pela ação da luz solar, a bambu.

Já os dinamarqueses montaram uma casa cujo formato do telhado oferece mais exposição ao sol, o que permite maior produção de energia. Os portugueses exibem uma que pode se mover eletronicamente para se posicionar de modo a aproveitar mais a incidência da luz solar.

Os japoneses, por sua vez, buscam trazer o verde para perto dos moradores, até com plantações de arroz ao redor da residência.
Alta tecnologia e uso de fontes naturais fazem com que cada uma das 18 casas em disputa funcione como uma minicentral elétrica, sem que se abra mão do conforto.

Vence a competição a equipe cuja construção for mais bem avaliada por jurados --segundo critérios como eficiência energética-- e tiver melhor pontuação em tarefas e medições feitas na residência.

"A casa brasileira é um laboratório de inovação permanente. Vários mestrados e doutorados estão sendo feitos a partir desse projeto", diz a professora da USP Claudia de Oliveira Andrade, uma das coordenadoras da equipe.

Editoria de Arte/Folhapress

Ao entrar na casa sustentável brasileira, a primeira sensação foi de alívio. Isso porque a temperatura em Madri na semana retrasada superava os 30ºC e o nível de umidade, de tão baixo, não devia nada ao da cidade de São Paulo em época de estiagem.

No interior da casa, a temperatura era agradável e o nível de umidade superava o do exterior. Nada muito diferente do que acontece quando se entra em uma casa com um bom sistema de ar condicionado e um umidificador de ar. Mas as comparações param por aí.

Como explicou Daniel Mayer, doutorando em engenharia civil pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e que cuidou da parte da automação da casa, o evento Solar Decathlon reúne o que há de mais avançado tanto em produção de energia como no modo como ela é gerenciada. "É como se fosse a Fórmula-1 das casas sustentáveis."

Por meio do sistema de automação, por exemplo, é possível controlar, manual ou automaticamente, os sistemas de ar condicionado, iluminação e áudio da Éko House --o nome da casa brasileira mistura uma palavra que em tupi-guarani significa maneira de viver ("éko") e casa ("house", em inglês).

Caso a porta esteja aberta, dá para programar o desligamento do ar-condicionado. Outra opção é utilizar a iluminação artificial somente o necessário para atingir níveis preestabelecidos, levando em conta a luz exterior. Na prática, em um dia ensolarado não será preciso gastar tanta energia com a iluminação.

A energia da casa provém de painéis fotovoltaicos (que produzem energia pela ação da luz solar), mas não é só a alta tecnologia que está lá.
Com uma brise (espécie de cerca) feita de bambu, material simples e abundante no país, pode-se abrir ou fechar a varanda, propiciando mais sombra ou iluminação.

Na Éko House, o vaso sanitário funciona a seco -os dejetos são depositados em terra e passam por um processo de compostagem, sem que isso cause mau cheiro. O tratamento de esgoto é feito a partir de uma junção de filtros e um conjunto de raízes que absorvem a carga orgânica.

APLICAÇÕES

O principal diferencial das casas movidas a energia solar é o seu grau de autonomia, pois não precisam de ligação à rede elétrica.

"As soluções desenvolvidas poderiam ser utilizadas em postos avançados de pesquisa científica na Amazônia ou em lugares isolados sem infraestrutura elétrica", diz Claudia de Oliveira Andrade, da USP.

Mayer ressalta que é possível enxugar o projeto para que ele seja viável economicamente, sem perder características. O custo estimado da Éko House é de 450 mil euros (cerca de R$ 1,2 milhão) -os recursos vêm dos setores público e privado.

José Ripper Kós, professor de arquitetura da UFSC, afirma que há conversas com a Prefeitura de Paraty (RJ) para criar um conjunto de casas semelhantes que funcionem como pousada ou hotel.

"Com a energia que sobra, seria possível abastecer uma comunidade carente na região, que é isolada e recebe energia somente a partir de um gerador a diesel."

O jornalista viajou a convite da Schneider Electric

Carolina Daffara/Editoria de Arte
 

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