Acolhedora, Mooca tem morador fiel
ROBERTO NASCIMENTO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Foi por lá na Mooca, no local que hoje é o Memorial do Imigrante, onde muitos estrangeiros oriundos das ondas de imigração dos séculos XIX e XX conseguiram seu primeiro lar, na então Hospedaria de Imigrantes. A estimativa é que foram instalados 2,5 milhões de imigrantes.
Esse aconchego, esse bem receber, combinados com as oportunidades de emprego nas fábricas que surgiram na região, fizeram com que a Mooca atraísse uma forte população imigrante italiana e se consolidasse como um dos bairros residenciais mais queridos da cidade. Quem é da Mooca não quer deixar o bairro.
Pesquisas indicam, ano após ano, que os moradores elegem a Mooca como melhor bairro para se morar. Analisando-se o perfil do comprador do imóvel, raramente encontram-se mooquenses comprando apartamentos em outro bairro. Um dos motivos é o amplo universo de serviços e facilidades encontrado ali mesmo, como: shoppings; a Universidade São Judas, nascida no bairro; proximidade de estações de Metrô das linhas Verde e Vermelha; as melhores academias; hospitais e segurança. E a Mooca ainda é um dos bairros com melhor índice de segurança.
Mas a marca mais forte do bairro é a ascendência italiana, com um sotaque cadenciado; um time de futebol que representava os anseios da comunidade, o Juventus; e uma gastronomia deslumbrante, que pode ser experimentada na Festa de San Gennaro, nas várias padarias, docerias, pizzarias e restaurantes, atiçando o desejo até de moradores de distantes cantos da cidade.
E hoje não são apenas os Arnestos e Adonirans que moram na Mooca. Segundo o IBGE, o bairro reúne 76,8 mil habitantes, que têm sua principal raiz não mais em outros países, mas no próprio bairro.
O morador da Mooca gosta de preservar sua história e tem um laço familiar muito forte, conservando o núcleo unido. Por isso, enquanto em outras regiões da cidade os empreendimentos de torres únicas, com apartamentos para solteiros, pululam já há alguns anos, esta tendência só agora começa a chegar na Zona Leste e de modo quase incipiente.
O perfil mais comum no mercado imobiliário do bairro são os grandes condomínios, com diversas torres e lazer para toda a família. Este tipo de moradia atende às famílias tradicionais do bairro e só é possível pela disponibilidade de amplos terrenos das antigas fábricas. Mas não só de prédio vive a Mooca - a região ainda preserva diversas casinhas de vilas, charmosas e bucólicas.
Roberto Nascimento é administrador de empresas e tem mais de dez anos de experiência no mercado imobiliário paulistano
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