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08/01/2013 - 13h53

Em 2013, o design se voltará ao uso pessoal

ALICE RAWSTHORN
DO "NEW YORK TIMES"

Já desejou poder criar artigos que se adaptem a você em vez de ter de aceitar o que empurram na sua direção? A resposta é sim para a maioria de nós, e os visitantes da exposição Adhocracy no último outono do Hemisfério Norte na Bienal de Design de Istambul tiveram um gostinho de como seria isso.

Eles puderam encomendar suvenires pessoais das visitas ao BlablabLAB, grupo de design de Barcelona, que escaneou seus corpos usando os sensores do videogame Kinect e, a seguir, os reproduziu em miniatura numa impressora 3D. Também era possível ver como o Unfold, grupo de design de Antuérpia, Bélgica, empregava a impressão tridimensional para as pessoas criarem versões próprias de seus produtos.

Os dois projetos são exemplos da vasta quantidade de experimentos em áreas de rápido desenvolvimento do design, como a impressão 3D e outras tecnologias de produção digital, que poderão vir a beneficiar milhões de pessoas. Existem surtos similares de experimentação em campos igualmente promissores como nanotecnologia e biomimética, mas a grande questão para a comunidade do design no começo de 2013 é quando tais avanços serão aplicados em grande escala.

Outros destaques do design no ano novo são fáceis de prever. Um dos mais interessantes projetos de design industrial deve ser o novo interior da cabine da classe executiva desenvolvida pela designer holandesa Hella Jongerius para os aviões de longo percurso da KLM. Jongerius se tornou uma força do design industrial e, possivelmente, a mulher mais bem-sucedida a trabalhar nessa área, domando tecnologia avançada para criar objetos que parecem compartilhar da sensualidade e idiossincrasias associadas ao trabalho artesanal. Será fascinante ver se ela conseguirá conquistar um efeito similar no rigorosamente regulado campo do design aeroespacial quando seu trabalho para a KLM for lançado, em março.

Igualmente intrigante será o progresso de Paola Antonelli, que produziu muitas das mais importantes exposições de design dos últimos anos como curadora do Museu de Arte Moderna de Nova York, em sua nova posição como diretora de pesquisa e desenvolvimento da instituição. Num instante em que vários museus consagrados do design estão propensos à expansão, como o Victoria & Albert, em Londres, e o design foi identificado como um componente importante de museus prestes a serem construídos, como o M+, a futura instituição voltada à cultura visual em Hong Kong, Antonelli foi encarregada de aplicar as inovações no design e no pensamento do design que defendeu na curadoria para ajudar a redefinir o MoMA como modelo de museu na era digital.

Em se tratando de desenvolvimento de produtos, uma área particularmente dinâmica em 2013 será a da utilização de sensores cada vez mais poderosos, como os do Kinect, em outros tipos de equipamentos digitais. De forma similar, os progressos na tecnologia biométrica devem ajudar os designers a reduzir a fraude de identidade, permitindo que nos identificarmos pela voz ou partes do corpo, como a íris ou as digitais, ao acessar contas bancárias ou abrir portas, em vez de usar chaves ou senhas.

Além de criar novos produtos, tais inovações tornarão redundantes certos artigos existentes. Câmeras, relógios, calculadoras e livros impressos são apenas alguns dos objetos antes familiares que agora estão desaparecendo porque suas funções podem ser executadas com a mesma eficiência, por vezes até mais, por aplicativos de celular ou computador, o que também pode ser menos nocivo em termos ambientais.

O processo de desgaste continuará no ano que vem, bem como a mudança de guarda em algumas empresas que já dominaram o progresso do design. Se, como parece provável, o BlackBerry continuar a perder participação no mercado para Apple, Samsung e outros fabricantes de smartphones, em que instante ele deixará de ter a massa crítica necessária para sustentar o mesmo nível de assistência técnica e investimento em desenvolvimento de produto? Será que a Apple vai reagir em 2013? Não que seus problemas estejam perto de ser tão graves quanto os do BlackBerry, mas a empresa que durante muito tempo foi a referência do design corporativo viveu momentos singularmente instáveis em 2012.

VINTAGE

Porém, se 2013 será o ano vintage do design, ele também deve anunciar mais progresso dramático nos esforços dos designers para transformar os radicais avanços científicos e tecnológicos de experimentos engenhosos, como os projetos de impressão 3D em Istambul, em produtos e serviços que poderiam ser úteis na vida diária. Após conseguirem isso, eles terão de enfrentar o desafio de nos convencer a aceitá-los.

Uma equipe de design do Google passou anos desenvolvendo um automóvel sem motorista, o qual rodou sozinho 560 mil quilômetros de tipos diferentes de terreno em testes rodoviários. O Google ainda está refinando o design, mas três Estados dos Estados Unidos --Califórnia, Flórida e Nevada-- já legalizaram o uso de tais veículos em suas estradas.

Por que os carros sem motoristas ainda não estão disponíveis? Um fator importante é que nem o Google nem outras empresas a desenvolvê-los estão convencidos de que o número suficiente de pessoas está disposto a entregar nas mãos da tecnologia uma atividade tão potencialmente perigosa quanto a pilotagem de um carro. Todavia, assim que o design tiver sido ajustado, existem todos os motivos do mundo para esperar que computadores dirijam de forma mais eficiente que humanos, os quais, é claro, podem estar bêbados, distraídos ou ser incompetentes. Numa época de aviões teleguiados militares e aeronaves que pousam automaticamente, certamente em breve teremos confiança igual em automóveis sem motorista? Entretanto, o Google está resignado a lançar suas inovações gradativamente em diferentes recursos do carro em vez de todas de uma vez num veículo só.

Uma modificação igualmente dramática nas atitudes será necessária para a impressão 3D concretizar seu potencial. Quando isso acontecer, as pessoas poderão produzir versões personalizadas de produtos diferentes nas impressoras tridimensionais mais próximas do bairro, como faziam seus ancestrais na forja do ferreiro local. Além de atender suas necessidades pessoais, tais produtos renderão importantes benefícios ambientais pela economia de transporte e resíduos, se bem que isso somente acontecerá se realmente estivemos dispostos a gastar o tempo e a energia necessários para projetar coisas para nós mesmos.

 

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