Símbolos do isolamento, condomínios são vulneráveis
JOSÉ DOS REIS SANTOS FILHO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Os condomínios horizontais aparecem nos últimos anos como resposta do mercado imobiliário a uma questão detectada em pesquisas: qualidade de vida.
Voltados para uma classe média capaz de investimentos altos na busca por tranquilidade e status, foram apresentados como meios capazes de garantir sossego e segurança.
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Entre as marcas desses empreendimentos, a mais visível é a dos muros altos, símbolos de um esforço de isolamento e recusa de uma realidade não desejada.
Foram incorporados ao cotidiano das cidades e provocaram efeitos tanto estéticos como urbanísticos. Bem cedo, no entanto, percebeu-se que tijolo, cimento e areia não significavam proteção.
Mesmo no interior, sempre visto como rota de fuga para o caos da capital, o uso da força bruta (ou da criatividade) solapou com alguma frequência os obstáculos que os condôminos supunham intransponíveis.
Reconhecida a vulnerabilidade frente aos inimigos externos e expostas as ameaças que poderiam vir de dentro, as soluções perseguidas permanecem no repertório dos manuais de segurança.
Perante o aumento da criminalidade em condomínios, um capitão da Polícia Militar denunciou a "falta de segurança promovida pelo próprio condomínio e pelos condôminos".
Não por acaso, o receituário das empresas de segurança tornou-se repetitivo: inspeções em áreas e instalações dos moradores, vigilância eletrônica, controle de acesso e alarmes existem ao lado de procedimentos que diminuem a liberdade dos moradores, além de criarem situações no mínimo embaraçosas no controle de pessoal, veículos e materiais.
JOSÉ DOS REIS SANTOS FILHO é sociólogo e coordenador do Núcleo de Estudos sobre Situações de Violência e Políticas Alternativas da Unesp
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