Técnicas da marcenaria naval são utilizadas na confecção de móveis
DE SÃO PAULO
Serão apresentados hoje (7), às 20h no MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo), móveis produzidos a partir de técnicas da marcenaria naval.
O banco Osso e a mesa de centro K2 são as primeiras peças da linha idealizada pela dupla de arquitetos designers Rafic Farah e Otávio Coelho.
O resultado são peças leves, de espessura finíssima, mas resistentes e duráveis, como cascos de embarcações.
O evento Brasil 66 tem curadoria de Baba Vacaro, diretora de criação da marca Dpot. O MAM fica no Parque Ibirapuera, próximo ao portão 3.
Veja a entrevista de Rafic Farah e Otávio Coelho à Folha
Folha - Por que buscaram inspiração fora da arquitetura?
Rafic Farah e Otávio Coelho - Houve um tempo em que os profissionais transitavam mais naturalmente entre diversos setores e as soluções técnicas migravam de uma área para outra. É problemático um mundo como o de hoje, em que as pessoas se especializam cada vez mais. Precisamos voltar a olhar para o nosso entorno, buscar soluções em outras áreas. Às vezes, o seu problema já foi solucionado em outro campo, você só precisa adaptá-lo.
Quais as características da marcenaria naval que podem ser aplicadas ao design?
A marcenaria naval já foi o que tivemos de melhor e mais fértil no Brasil em termos de construção. Isso infelizmente acabou, mas nós percebemos que todo o campo da construção naval é repleto de soluções técnicas, formas e materiais bastante frutíferos. Poderíamos falar a mesma coisa da indústria aeronáutica ou da automobilística, mas a naval é a mais próxima. Barcos são casas que flutuam, e nós somos arquitetos.
Quais as peças produzidas no projeto?
As primeiras peças são o Banco Osso e a Mesa K2. A coleção é grande, vamos lançar novas peças aos poucos. Essas duas eram as mais puras no sentido da técnica naval, são como o casco de um barco. Já nas outras, mais complexas, aparecem novos materiais, como o metal fundido.
Qual a técnica e o processo utilizados?
A técnica se chama "strip-planking". É usada na confecção de canoas e veleiros de médio porte. Por fora de um gabarito, longas e estreitas tiras de cedro-rosa são fixadas pacientemente, uma ao lado da outra. Temos assim uma casca de madeira, que é então lixada e depois coberta por uma manta de fibra de carbono. Para fixar a manta, usa-se a resina epóxi. Depois de curada a resina, falta apenas lixar e envernizar a peça. O processo é simples, porém trabalhoso.
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