Construtoras reduzem lançamentos e desovam estoques no terceiro trimestre
DANIEL VASQUES
CLARA ROMAN
DE SÃO PAULO
Muitas construtoras e incorporadoras de capital aberto reduziram os lançamentos e concentraram as vendas no terceiro trimestre nas unidades em estoque, segundo os balanços divulgados nos últimos dias.
Para o consumidor, se a estratégia das empresas se mantiver neste final de ano, poderá ser um bom momento para conseguir descontos.
Mas é preciso pesquisar, pois nem sempre um imóvel não vendido na época do lançamento terá um abatimento significativo no preço.
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Um bairro com muita oferta, por exemplo, pode ter produtos com tipologias e padrões diferentes, sem que algum deles esteja "sobrando" no mercado, ainda que a venda seja mais lenta.
Nesse caso, o apartamento em construção pode ser mais caro do que um semelhante vendido na planta, já que foi se valorizando conforme as obras avançaram.
Zé Carlos Barreta - 10.abr.2013/Folhapress | ||
Prédio em construção na zona leste de SP; unidades em estoque representaram maioria das vendas de algumas incorporadoras |
A chance de fazer um bom negócio, porém, é bem maior quando o empreendimento foi entregue ou está perto de ficar pronto.
Isso ocorre porque, além de ter a facilidade de se mudar logo, o consumidor sai fortalecido, pois a empresa, que tem de administrar o imóvel, quer se livrar de todos os custos extras.
DESCONTOS
Segundo Luciano Guagliardi, diretor de Relação com Investidores da Brookfield, para definir o valor que será reduzido do preço original do imóvel, leva-se em conta a economia com o pagamento de IPTU e condomínio, além da depreciação do apartamento ao longo do tempo.
A companhia, afirma, não tem como política conceder descontos, e a redução no preço das unidades concluídas é estudada caso a caso.
No terceiro trimestre, os imóveis em estoque da empresa representaram 99,6% das vendas, em valor. Já os lançamentos caíram 93,1% no confronto com o mesmo período no ano passado.
Os imóveis em estoque também responderam por grande parte das vendas da Rodobens (85,5% do total), da Eztec (82,2%), da PDG (77,0%), da Even (75,0%) e da Cyrela (60,5%).
Editoria de Arte/Folhapress |
"O foco das construtoras é trazer de volta a geração de caixa mais robusta, diminuindo lançamentos", afirma Felipe Miranda, analista da corretora Coinvalores.
"O setor passou por um processo de ajuste. Teve um período forte de lançamentos e todo mundo foi com muita sede ao pote", diz William Alves, analista-chefe da consultoria XP Investimentos.
Apenas três (PDG, Brookfield e Viver) das 15 maiores empresas na Bolsa com foco no segmento residencial tiveram prejuízo no terceiro trimestre.
Quatro (MRV, Rossi, Helbor e Trisul) apresentaram lucro menor na comparação com o mesmo período do ano passado, e a Tecnisa reverteu as perdas, registrando ganho de R$ 62 milhões.
Os destaques, entre as que tiveram aumento no lucro, foram Gafisa (226%), João Fortes (75%) e Eztec (49%). Even, Rodobens e CR2 também registraram alta. Já a Cyrela, que tem o maior valor de mercado, apresentou também o maior ganho (R$ 174,6 milhões).
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