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28/01/2014 - 07h30

Poncho de xamã boliviano está entre excentricidades de casal na decoração

SANDY KEENAN
DO "NEW YORK TIMES", em Kansas City, Missouri

"Admito, eu acumulo coisas em casa", diz Annie Hurlbut Zander, que costuma receber recados de antiquários informando-a de que compraram alguma coisa "esquisita" que ela precisa ver.

"Esse tipo de coisa acontece quando você desenvolve a reputação de gostar de coisas exóticas", diz.

Zander estudou na Universidade Yale, onde se formou em antropologia. Trabalha como arqueóloga e é dona da Peruvian Connection, uma marca de roupas.

A casa que ela divide com o marido serve como altar à pátina do passado –do raro poncho de um xamã boliviano a um exótico antílope africano preservado mais de um século atrás e um sofá de seda que parece ter sido estofado mais ou menos na mesma época.

No restante da casa, camadas e mais camadas de tecidos, fotos antigas e outras excentricidades quem chamam a atenção e parecem se combinar de forma misteriosa.

Sob uma redoma, há um xale peruano tecido à mão e decorado com contas entalhadas feitas de ossos de macacos.

Há também travessas e cestas utilitárias viradas de forma a mostrar suas rachaduras e fendas à melhor luz possível. Quanto mais usados, mais parecem ter sido amados.

A grande mistura de antiguidades estranhas e excêntricas, de eras e estilos diversos, faz sentido assim que você conhece os moradores da casa.

Zander, que cresceu em uma fazenda perto de Kansas City, admite que sofre de uma imensa vontade de rodar o mundo colecionando coisas.

E seu marido Rick Zander, compositor e letrista, já trabalhou também como marceneiro e empreiteiro, restaurando as casas da região.

Ele se descreve como o principal encarregado do leva e traz. "Eu costumava brincar, quando Annie chegava em casa carregando mais uma mala cheia de pedras, que ela não precisava de um marido, mas de um diretor de museu", diz Rick.

Os dois têm 62 anos, e se conheceram quase 30 anos atrás, quando ela estava pensando em comprar e restaurar uma casa vitoriana Queen Anne muito deteriorada, em Kansas City.

O marido dela raramente fazia orçamentos para esse tipo de reforma, porque as obras dificilmente eram levadas adiante. Mas nesse caso, o corretor de imóveis insistiu para que ele se encontrasse com a compradora, "solteira".

No primeiro encontro, conta Annie Zander, ela ficou estranhamente sem graça depois de olhá-lo pela primeira vez nos olhos, azuis como os de Paul Newman. "Foi muito embaraçoso", ela conta. "Eu desviava o olhar para o chão o tempo todo".

MUDANÇAS

Três reuniões mais tarde, ele conseguiu convencê-la de que não havia como restaurar a casa que ela queria. Menos de um ano depois, os dois se casaram sem avisar ninguém e mudaram-se para uma casa estilo Craftsman, construída em 1919, que passaram a dividir com Jane, 33, filha do primeiro casamento de Rick, e Balie, 21, filha do casal.

Em 2002, eles compraram sua atual casa, uma construção de 1929, por quase US$ 1 milhão. Parecia o lugar ideal para a família e todas as suas coisas, diz o marido.

"Adoramos a distribuição dos cômodos e a planta", diz Rick. "Mas nós acabamos alterando todos os revestimentos". O casal revela que a reforma custou US$ 150 mil.

Parte do problema é que a casa parecia muito tradicional e "paradona" para Annie. "Faltava imaginação", diz.

Por isso, eles pintaram as paredes e decoraram as vigas de madeira usando um papel de parede colonial, que ela tirou de uma sala que estava sendo redecorada no Peru.

A varanda fechada se tornou uma sala de jantar, onde o casal combina uma mesa francesa do século 18 com cadeiras que compram no eBay, cujo estofamento foi desbotado pelo sol - algumas agora são amarelas e outras, rosadas.

São perfeitas, no mundo de Annie. "Odeio mudar o estofamento de qualquer peça", ela diz.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

 

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